Plenário da Câmara tem bate-boca e agressão

Igor Gadelha e Daiene Cardoso

25/05/2017

 

 

GOVERNO SOB INVESTIGAÇÃO /Uso das Forças Armadas para proteger os prédios da Esplanada deixa clima tenso

O anúncio da convocação das Forças Armadas para proteger os prédios na Esplanada dos Ministérios provocou enfrentamento e bate-boca entre deputados da base aliada e da oposição dentro do plenário da Câmara. Parlamentares chegaram a se agredir.

O clima de tensão já tinha começado antes mesmo do anúncio da convocação das Forças Armadas. Deputados da oposição ocuparam a Mesa Diretora do plenário, em protesto contra o que chamavam de “excessos” da polícia. Segundo o líder da oposição na Casa, José Guimarães (PT-CE), policiais usaram spray de pimenta e bombas de gás, atingindo até mesmo parlamentares.

De cima da Mesa, opositores ergueram uma faixa pedindo “Fora Temer” e gritaram palavras de ordem pedindo eleições diretas para presidente. “O povo quer votar, diretas já”, diziam. A oposição exigia o encerramento da sessão. “Lula na cadeia”, reagiram aliados do governo. Durante a confusão na Mesa Diretora, os deputados Darcísio Perondi (PMDB-RS), vice-líder do governo, e Edmilson Rodrigues (PSOL-PA), chegaram a se empurrar.

A tensão aumentou logo após o líder do PSOL, deputado Glauber Braga (RJ), anunciar na tribuna da Casa que Temer tinha editado o decreto autorizando a convocação das Forças Armadas para proteger prédios depois que manifestantes começaram a quebrar ministérios no protesto fora do Congresso. Depois do anúncio, deputados da base aliada e da oposição começaram a discutir e chegaram a se empurrar, a dar pontapés e até socos no centro do plenário.

A confusão envolveu um grande número de parlamentares. Entre os que estavam no meio do empurra-empurra, foi possível ver os deputados Darcísio Perondi, Carlos Marun (PMDB-MS), Glauber Braga e Alessandro Molon (Rede-RJ).

Todos negaram à reportagem que tenham chegado à agressão física.

O clima só acalmou com a chegada do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O parlamentar suspendeu a sessão por 30 minutos e convocou líderes da base aliada e da oposição para uma reunião em seu gabinete.

No encontro, Maia negou ter pedido ao governo o uso das Forças Armadas para reprimir os manifestantes. Ele informou ter pedido apenas envio de homens da Força Nacional e disse que pediria ao governo para reduzir a vigência do decreto.

O encontro, porém,terminou sema cordo. Maia não aceitou os apelos de opositores e retomou a sessão. Sob protestos, a oposição deixou o plenário. O presidente da Câmara aproveitou a ausência de oposicionistas para aprovar uma série de medidas provisórias (MPs). / COLABORARAM ISABELA BONFIM e IDIANA TOMAZELLI

Enfrentamento. Tumulto durante sessão no plenário da Câmara; parlamentares da oposição queriam paralisar audiência

Protesto. Deputados da oposição tomam a mesa da Câmara

‘Verdade’

“O ministro (da Defesa, Raul Jungmann) deu uma coletiva dizendo que o pedido de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) era da presidência da Câmara. Eu afirmo e reafirmo que isso não é verdade.”

Rodrigo Maia (DEM-RJ)

PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

 

O Estado de São Paulo, n. 45145, 25/05/2017. Política, p. A8