Título: Internautas discutem como burlar proibição
Autor: Mariz, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 07/01/2012, Brasil, p. 7

Depois da decisão da Justiça do Espírito Santo determinando o fim de uma conta do Twitter e de outra do Facebook que informam sobre blitzes contra a lei seca na Grande Vitória, os perfis das redes sociais que divulgam conteúdo semelhante viraram um fórum de discussão. Em clima de revolta, muitos internautas já sugerem, caso haja determinação semelhante em outras partes do país, a utilização de códigos para a continuidade das postagens. "Podemos usar mensagens cifradas e ir trocando sempre", sugere um usuário do leisecarj, seguido por 270 mil pessoas no Rio de Janeiro.

A artimanha havia sido utilizada pelos capixabas antes mesmo da ordem judicial. Tanto é que, na controversa decisão, o juiz Alexandre Farinas alerta as autoridades e os provedores das redes sociais para a estratégia. "Alguns usuários passaram a se valer de nomes fantasias, tais como Papai Noel, para indicar a presença de blitzes", destacou o magistrado no despacho. Tanto Twitter quanto Facebook permanecem sem se manifestar sobre o caso. De acordo com a decisão, os provedores terão sete dias para retirar as páginas, sob risco de multa diária de meio milhão de reais.

Com a criatividade dos internautas, os provedores não terão como retirar todas as páginas que falam sobre as blitzes nas cidades, apontam especialistas. "A internet traz esses dilemas porque é um espaço de liberdade, em que as pessoas podem postar o que quiserem e, só depois, há um filtro. Óbvio que, em casos de apologia ao crime e de pedofilia, os sistemas de rastreamento já estão avançados, mas não no caso em questão", observa Renato Opice Blum, coordenador do curso de direito da Fundação Getulio Vargas em São Paulo.

Perfis no Twitter do grupo RadarBlitz continuam suspensos em seis capitais e no Distrito Federal. Uma reunião será realizada neste fim de semana pelos moderadores. A página Utilidade Pública, do Espírito Santo, continua no ar, mas fechada apenas para moderadores. Não há, em qualquer post desde ontem, qualquer informação sobre barreiras policiais, apenas sobre engarrafamentos e alagamentos, entre outros assuntos.