Título: Relação diferente com os partidos
Autor: Lyra, Paulo de Tarso ; Correia, Karla
Fonte: Correio Braziliense, 01/02/2012, Política, p. 2

O PP é mais um partido que luta desesperadamente para se manter na Esplanada dos Ministérios. Desde que a sucessão vertiginosa de quedas ministeriais começou, em junho, PT, PMDB, PCdoB, PR, PDT e PSB passaram pelo mesmo calvário. Só o último, até o momento, conseguiu sobreviver à tormenta. Os socialistas seguraram Fernando Bezerra Coelho no cargo de ministro da Integração Nacional. Os demais não resistiram ao que a revista The Economist batizou de "a primavera da presidente".

Em todos os episódios anteriores, a presidente Dilma Rousseff demonstrou que os partidos podem até ser ouvidos nas mudanças no primeiro e no segundo escalão, mas quem dá a última palavra é ela. Após um ano de governo e oito trocas de ministros, os parlamentares têm se habituado às diferenças de tratamento que recebem da presidente em relação ao seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva.

Não é que Lula seguisse única e exclusivamente as indicações partidárias. Mas o seu estilo mais apaziguador ajudava a diminuir insatisfações e a conciliar preferências. Na prática, como reconheceu um petista ao Correio, Lula pouco se importava com os nomes indicados pelos partidos. "O que ele queria, de fato, era que as matérias encaminhadas ao Legislativo fossem aprovadas para ele capitalizar com o eleitorado", disse um líder do partido no Congresso.

Para alguns parlamentares com trânsito no governo, a escolha dos nomes "à revelia" das indicações das bancadas deriva do fato de Dilma ainda não ter enfrentado nenhuma grande crise em seu governo. "Quando ela viver uma crise, deve mudar isso. Ter o couro curtido costuma facilitar as coisas", aposta um cacique peemedebista, que acredita que reformas mais profundas deverão ocorrer, na prática, após as eleições municipais.

Os aliados comemoram, por enquanto, o afastamento da ameaça de redução do número de ministérios, o que comprometeria a distribuição de cargos entre os aliados e, consequentemente, o apoio ao governo no Congresso. "O que é dos partidos é dos partidos", traduziu um aliado no Congresso.