Procuradores da Lava-Jato declaram apoio a Raquel Dodge

01/07/2017

 

 

Em nota, força-tarefa reafirma compromisso contra a corrupção

A força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) em Curitiba divulgou ontem nota parabenizando a subprocuradora Raquel Dodge pela nomeação para o cargo de procuradora-geral da República, em substituição a Rodrigo Janot. A nota foi considerada um apoio público à nomeação de Dodge.

“Raquel Dodge possui uma respeitada história na instituição e demonstrou ter a confiança da classe. A força-tarefa faz votos de que a procuradora-geral possa liderar a instituição na continuidade do consistente trabalho de combate à corrupção que vem sendo feito pelo MPF nos últimos anos, na defesa dos direitos humanos e no cumprimento dos deveres constitucionais e legais do Ministério Público”, diz a nota.

Os procuradores da força-tarefa da Lava-Jato aproveitaram para reiterar o compromisso contra a corrupção, o desvio de recursos públicos, a criminalidade organizada e a lavagem de dinheiro.

 

SABATINA NO SENADO

Primeira mulher a ocupar o cargo, Raquel Dodge não é alinhada a Janot. Ao contrário do procurador-geral, a escolhida do presidente Michel Temer mantém boas relações com o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), crítico recorrente dos métodos do Ministério Público Federal na Operação Lava-Jato.

Raquel ainda precisa passar pela sabatina do Senado para assumir o posto. Os senadores planejam realizar a rodada de perguntas e votar a indicação até o dia 10 de julho. O mandato de Janot vai até 17 de setembro.

O anúncio da escolha de Raquel contrariou a tradição dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, que sempre escolheram o primeiro da lista tríplice elaborada pelo Ministério Público Federal com os nomes dos mais votados.

O primeiro lugar ficou com Nicolao Dino, candidato de Janot, com 621 votos. Ele é irmão de Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão e adversário político de José Sarney. Raquel Dodge ficou em segundo, com 587 votos, e o subprocurador Mario Bonsaglia, em terceiro. Ele somou 564 votos.

_______________________________________________________________________________________________________________________________

Dallagnol comemora decisão sobre delações

FERNANDA KRAKOVICS

01/07/2017

 

 

Coordenador da Lava-Jato elogia julgamento do STF que manteve acordos
 
Coordenador da força-tarefa da Lava-Jato, o procurador Deltan Dallagnol elogiou ontem a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de que delações premiadas só poderão ser revistas se ficarem comprovadas irregularidades ou se o delator descumprir o acordo.
 

— O Supremo confirmou o ambiente de confiança necessário para que grandes operações (de combate à corrupção) se desenvolvam — afirmou o procurador, em palestra promovida pelo Fórum Permanente de Segurança Pública e Execução Penal, no Tribunal de Justiça do Rio.

O STF decidiu que os acordos de delação não podem ser revistos depois de homologados. Mas foi aberta uma exceção que permitirá a rescisão do acordo ou de parte dele se ficar comprovado que houve irregularidades na celebração da colaboração. Além disso, caso o delator descumpra os termos do acordo, também poderá perder seu benefício.

O coordenador da força-tarefa da Lava-Jato destacou outras duas iniciativas do Judiciário no combate à corrupção: a proibição do financiamento eleitoral por parte de empresas e a permissão para a execução das penas de prisão depois de condenação em segunda instância.

— Os avanços mais importantes no combate à corrupção não partiram do Congresso Nacional. Vieram do Judiciário — afirmou Dallagnol, na exposição, que durou quase três horas, sobre a Lava-Jato e o combate à corrupção.

Questionado por uma pessoa da plateia se a indicação da subprocuradora Raquel Dodge para o cargo de procurador-geral da República significa o fim da Lava-Jato, Dallagnol respondeu que ela tem “um histórico respeitado na instituição e recebeu a confiança de grande parte de nossos colegas”.

 

Frase

“Os avanços mais importantes no combate à corrupção não partiram do Congresso Nacional. Vieram do Judiciário”

Deltan Dallagnol

Coordenador da Lava-Jato

O globo, n.30644 , 01/07/2017. PAÍS, p. 7