Título: ONU debate a crise
Autor: Vicentin, Carolina
Fonte: Correio Braziliense, 11/01/2012, Mundo, p. 16
Enquanto Bashar Al-Assad falava sobre o "terrorismo" na Síria, o Conselho de Segurança das Nações Unidas mais uma vez trazia à pauta a discussão sobre a violência no país árabe. A Alemanha, membro não permanente do órgão, encabeçou a defesa de "negociações sérias" sobre um basta à repressão aos rebeldes. O embaixador alemão na ONU, Peter Witting, criticou a falta de ação da Rússia e da China na definição de uma resolução que estabeleça sanções ao regime de Al-Assad. Ambas têm assento permanente e poder de veto do conselho e já usaram essa prerrogativa em favor do ditador.
"Queremos negociações sérias para iniciar uma resolução. Estamos prontos para encurtar a distância que nos separa, mas negociações sérias devem começar", ressaltou Witting a jornalistas após o término da reunião, em Nova York. "Só mantivemos duas reuniões de especialistas dos 15 países-membros antes do fim do ano (passado) e nenhuma mais desde então. Nem sequer foi feita uma compilação das modificações que sugerimos. Isso é insatisfatório", disse. Ontem, a ONU revelou que 400 pessoas foram assassinadas pelas tropas leais aos presidente desde a chegada da missão de observadores internacionais árabes. A entidade também condenou o assassinato de jornalistas no país. "Um dos principais problemas é a ausência de relatos independentes sobre o que acontece na Síria", lembra a pesquisadora Mona Yacoubian, diretora do Projeto Oriente Médio no Stimson Center.
A especialista aponta que o Conselho de Segurança tem sido incapaz de solucionar a crise síria, uma situação que só tende a piorar. Outros analistas e organizações de direitos humanos concordam com ela. "A comunidade internacional tem a tarefa de proteger a vida das pessoas e, se isso não ocorre, é como se estivéssemos vivendo em uma selva em pleno século 21", diz o ativista Mousab Azzawi. "Infelizmente, alguns governos não acreditam nos direitos humanos, apenas em algum tipo de jogo político", lamenta. Em outubro, a Rússia bloqueou um esboço de resolução, argumentando que ela estaria violando a soberania síria por ser um primeiro passo para a "mudança do regime". (CV)