Título: A EPTG e os novos caminhos
Autor: Filippelli, Tadeu
Fonte: Correio Braziliense, 11/01/2012, Opinião, p. 15

Vice-governador do Distrito Federal

Passado o primeiro ano do nosso governo, penso ser hora de dividir com os brasilienses um momento de reflexão. Ao longo da minha vida sempre fiz um exercício: avançar novos passos, sem deixar de voltar os olhos para trás e perceber o que já foi caminhado. Esse exercício simples me permite enfrentar o futuro sem ignorar o passado. E, a partir disso, perceber que tipo de realidade presente estou vivendo.

Nossa reflexão, talvez, possa usar como ponto de partida um dos temas políticos e administrativos mais sensíveis de Brasília no momento, que é a obra da Estrada Parque Taguatinga (EPTG). Em torno desse assunto, estão incrustados equívocos, verdades, fatos e versões. Isso tudo, com certeza, pela relevância da obra e também porque ela representa um dos pontos mais visíveis da transição de um governo para outro.

Lamentáveis incidentes e acidentes aconteceram nessa via nos últimos meses. Com razão, os veículos de comunicação voltaram o foco para o que estava ocorrendo na EPTG, até porque é dever da mídia usar suas prerrogativas na defesa do cidadão e da sociedade.

Vários equívocos, no entanto, estão ocorrendo e impedindo que uma visão crítica correta dos fatos seja repassada para a população. A obra da EPTG foi sendo liberada, no segundo semestre de 2010, sem que os serviços de plantio de grama, sinalização vertical e horizontal, drenagem e defensas estivessem sequer licitados. Pelo contrário, as licitações de todas as obras estavam paralisadas por decisão do Tribunal de Contas do DF.

Desembaraçar essas licitações, para que pudéssemos executar os serviços, foi tarefa prioritária desde o primeiro dia do governo Agnelo. Havia — e existe até hoje — uma convicção por parte dos órgãos fiscalizadores e controladores, inclusive da imprensa, de que todas as obras estavam eivadas de irregularidades. Sentimento esse justificado, fortalecido e ampliado por tudo que Brasília viveu depois do escândalo político de setembro de 2009. O caos administrativo que veio depois foi consequência de tudo isso. Quatro governadores comandaram o Distrito Federal no decorrer do ano de 2010.

Iniciada esta gestão, por determinação do governador Agnelo, tomamos diversas providências administrativas e jurídicas para desembaraçar todas as licitações e obras paralisadas. Não foi diferente no caso da EPTG. Conseguimos, gradativamente, autorização para retomar as licitações, sendo que as obras do plantio de grama e da sinalização já estão sendo executadas. Agora, estamos normalizando a situação jurídica da drenagem e das defensas metálicas e esperamos estar com todo o conjunto de obra a pleno vapor no mês de fevereiro.

É importante ressaltar que todo o complexo da EPTG é apenas um terço de um projeto maior, denominado Linha Verde, que vai ligar em condições plenas de conforto e segurança desde Ceilândia até o Plano Piloto. Por segurança, entendemos, sim, que é fundamental a sinalização vertical e horizontal, a drenagem, o plantio de grama e as defensas metálicas, tudo isso somado à fiscalização intensa, inclusive com a implantação de pardais, câmeras de monitoramento e colocação de viaturas nas vias urbanas.

Precisamos refletir, também, sobre o fato de que dificuldades semelhantes para desembaraçar licitações, obras e projetos, nós encontramos em todas as áreas da administração do Distrito Federal. E seguimos rigorosamente os trâmites legais, mesmo sabendo que isso implicaria perder tempo, mas tínhamos a convicção de que precisávamos e deveríamos fazer tudo de forma correta e transparente. Brasília não podia nem pode conviver com o caos administrativo decorrente de uma forma de fazer política ultrapassada e, muitas vezes, inconsequente.

Nossa tarefa não é simples, mas não nos amedronta. Penso firmemente que atravessamos o período mais crítico da nossa gestão. Estamos caminhando para uma nova etapa, em que os reflexos das decisões de governo serão percebidos com maior nitidez pela população como um todo.

Será assim na saúde, no transporte coletivo, na educação e na segurança. Será assim na infraestrutura, no meio ambiente, no desenvolvimento econômico e social, no trabalho, na cultura e no esporte. Será assim em todas as áreas do governo.

Daqui pra frente, teremos todas as condições de desmistificar o passado, consolidar o presente e acreditar no futuro. Um futuro em que, certamente, trilharemos com mais confiança por um novo caminho.