Pelo menos 40 inquéritos apuram delações no país

GUSTAVO SCHMITT

DIMITRIUS DANTAS

02/07/2017

 

 

Investigações sobre corrupção foram abertas em 8 estados e no DF com base em colaborações da Odebrecht

 

Dois meses depois de o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin derrubar o sigilo das delações da Odebrecht e enviar 197 petições para investigações em instâncias inferiores, um levantamento do GLOBO mostra que alguns resultados devem demorar para aparecer: ao todo, pelo menos 40 inquéritos foram instaurados em oito estados e no DF, além de três sindicâncias.

A velocidade varia de estado para estado: em São Paulo, os 27 pedidos de investigações ficaram dois meses parados até quarta-feira passada, quando os procuradores pediram a instauração de inquéritos. Os procuradores paulistas aguardam a formação de força-tarefa no estilo das existentes no Paraná e no Rio. O Ministério Público Federal (MPF) do Paraná, onde as investigações da Lava-Jato começaram, é o mais ocupado com as petições: 39 processos foram enviados para Curitiba, número que diminuiu após novas decisões de Fachin. Na quinta-feira, o ministro enviou para São Paulo investigação sobre o exministro Guido Mantega. Já o expresidente do Banco do Brasil e da Petrobras, Aldemir Bendine, é alvo de investigação no Paraná, acusado de receber R$ 3 milhões para atenuar os efeitos da Lava-Jato na Odebrecht. Inquéritos costumam demorar de seis meses a um ano para saírem da Polícia Federal (PF).

Há ainda o receio com o enxugamento no contingente da PF. Em Curitiba, o número de delegados caiu de nove para seis.

— Há uma falta de 500 delegados no país e isso vai sobrecarregando (o trabalho) — disse Tania Prado, diretora da Associação Nacional dos Delegados da PF.

No Distrito Federal, onde o MPF recebeu 16 petições, as delações da Odebrecht sobre pagamento de propina ao ex-governador José Roberto Arruda e na obra do estádio Mané Garrincha foram juntadas às investigações da Operação Panatenaico, que apurava os crimes.

O globo, n. 30645, 02/07/2017. PAÍS, p. 5