Jucá é indiciado para conselho de ética do Senado

Isabela Bonfim  e Julia Lindner

31/05/2017

 

 

Alvos de 8 inquéritos, peemedebista vai analisar denúncias de quebra de decoro parlamentar; dos 20 integrantes do colegiado já escolhidos, 5 são investigados

Após três meses de atraso, a composição do Conselho de Ética do Senado foi aprovada ontem e, agora, o colegiado pode voltar a funcionar. O líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR), foi anunciado como membro titular do órgão, cujo objetivo é analisar denúncias por quebra de decoro parlamentar que podem levar à cassação de mandato. Jucá é alvo de oito inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF).

Até agora, 20 dos 30 membros do colegiado foram indicados. Entre eles, Jucá, Eduardo Braga (PMDB-AM), seu suplente, e o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) são investigados na Operação Lava Jato. Eduardo Amorim (PSDB-SE) e Flexa Ribeiro (PSDB-BA) são investigados em outros casos no STF.

Apenas o bloco Democracia Progressista (PP e PSD) ainda não fez suas indicações. O presidente e o vice do conselho ainda serão eleitos.

Há 12 dias, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) apresentou uma representação contra o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) ao conselho. O documento ainda não foi analisado, porque o colegiado precisava da indicação de mais da metade dos membros para dar início aos trabalhos.

O tucano foi citado pelo empresário Joesley Batista, dono da JBS, em delação premiada. O empresário disse aos procuradores que Aécio lhe pediu R$ 2 milhões para pagar despesas de sua defesa na Operação Lava Jato.

Aécio também foi citado em delações da construtora Odebrecht e já era investigado pela força-tarefa.O pedido de empréstimo foi confirmado pela defesa que, no entanto, alegou que ele não tem nenhuma relação com a ocupação de cargo público. O Supremo afastou Aécio do mandato de senador durante as investigações e determinou a prisão de sua irmã, Andrea Neves.

Além de Aécio, a delação premiada da JBS também pode levar à abertura de inquéritos sobre outros parlamentares. As investigações não precisam resultar, necessariamente, em processos no Senado, que dependem de vontade política para serem instaurados.

Ainda é líder

Depois de reunião de 3 horas, a bancada do PMDB decidiu manter Renan Calheiros (AL) na liderança do partido no Senado. Ele era questionado por críticas ao governo.

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Congresso cria CPI mista para apurar a JBS

31/05/2017

 

 

APÓS DELAÇÃO

O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), leu na noite de ontem o ato da criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar a JBS. O comando dos trabalhos de 32 parlamentares deve ficar com o deputado Alexandre Baldy (Podemos- GO) e o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO). A expectativa é de que a CPMI comece os trabalhos já na próxima semana.

O foco será fiscalizar os contratos de empréstimos do BNDES, acordos de delação dos executivos da JBS e possíveis irregularidades fiscais.

 

O Estado de São Paulo, n. 45151, 31/05/2017. Política, p. A9