'Quem não está preso está no Palácio do Planalto'

17/06/2017

 

 

Joesley Batista diz em entrevista à revista ‘Época’ que Temer é ‘chefe’ de organização criminosa formada por peemedebistas: governo não comenta

O empresário Joesley Batista afirmou, em entrevista à edição deste fim de semana da revista Época, que o presidente Michel Temer é “chefe de organização criminosa”. O empresário está no Brasil desde domingo passado. Ontem, ele prestou depoimento na Justiça Federal, em Brasília. Para ele, segundo a entrevista, “quem não está preso está no (Palácio do) Planalto”.

Joesley acusa Temer, Eduardo Cunha (ex-presidente da Câmara), Geddel Vieira Lima (exministro da Secretaria de Governo), Henrique Eduardo Alves (ex-ministro do Turismo), Eliseu Padilha (ministro da Casa Civil) e Moreira Franco (ministro da Secretaria-Geral de Governo) de formar uma organização criminosa.

“O Temer é o chefe da Orcrim (organização criminosa) da Câmara”, disse o empresário. “É o grupo deles. Quem não está preso está hoje no Planalto. Essa turma é muita perigosa. Não pode brigar com eles. Nunca tive coragem de brigar com eles”, contou Joesley.

Embora diga que evitasse entrar em atrito com o grupo, o empresário afirmou que, se “baixar a guarda, eles não têm limites”. “Então meu convívio com eles foi sempre mantendo à meia distância: nem deixando eles aproximarem demais nem deixando eles longe demais. Para não armar alguma coisa contra mim. A realidade é que esse grupo é o de mais difícil convívio que já tive na minha vida”, afirmou Joesley à revista.

Hierarquia. Sobre a relação hierárquica entre o presidente e Cunha (PMDB-RJ), Joesley afirmou à revista que Temer dava a última palavra. “A pessoa a qual o Eduardo se referia como seu superior hierárquico sempre foi o Temer. Sempre falando em nome do Temer. Tudo que o Eduardo conseguia resolver sozinho, ele resolvia. Quando ficava difícil, levava para o Temer. Essa era a hierarquia”, disse o empresário.

Na entrevista, Joesley falou sobre suposta compra de silêncio de Cunha, preso na Lava Jato, que teria sido tema, segundo ele, de conversa gravada com Temer no dia 7 de março no Palácio do Jaburu.

“Virei refém de dois presidiários (Cunha e Lúcio Funaro). Combinei quando já estava claro que eles seriam presos, no ano passado. O Eduardo me pediu 5 milhões. Disse que eu devia a ele. Não devia, mas como ia brigar com ele? Dez dias depois ele foi preso”, contou o empresário.

De acordo com Joesley, Cunha havia indicado “Altair” para ser seu mensageiro caso fosse preso. “Ele disse: ‘O Altair procura vocês. Qualquer outra pessoa não atenda’. Passou um mês, veio o Altair. Meu Deus, como vou dar esse dinheiro para o cara que está preso? Aí o Altair disse que a família do Eduardo precisava e que ele estaria solto logo.” Para a Procuradoria-Geral da República (PGR), quando o presidente afirmou no áudio que “tem que manter isso aí, viu”, se refere à “compra de silêncio” de Cunha. Procurado, o Palácio do Planalto não quis comentar a entrevista de Joesley.

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Aécio pede para ser julgado pelo plenário do STF

Isadora Peron

17/06/2017

 

 

 

O senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) pediu ontem mais dez dias para apresentar sua defesa sobre o pedido de prisão feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e para que o caso seja julgado pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) e não pela Primeira Turma do tribunal.

A manifestação surge depois de o colegiado negar, por 3 votos a 2, o pedido de liberdade da irmã do senador, Andrea Neves. A Primeira Turma é composta pelo relator do caso, Marco Aurélio Mello, e o ministro Alexandre de Moraes, que votaram a favor da revogação da prisão preventiva de Andrea, além de Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Luiz Fux, que se manifestaram contrários à medida.

O advogado Alberto Toron afirma que a análise do pedido de prisão é uma questão “da mais alta relevância e gravidade” e, por isso, deve ser discutido pelo plenário. A Primeira Turma do STF também vai examinar recurso da defesa de Aécio para que ele retorne ao exercício do mandato de senador.

Sobre o pedido de novo prazo, a defesa alega que a PGR apresentou “fato novo” na justificativa enviada ao Supremo. No documento, o procuradorgeral da República, Rodrigo Janot, utilizou postagem de Aécio em rede social na qual ele aparece com senadores do PSDB.

 

O Estado de São Paulo, n. 45168, 17/06/2017. Política, p. A5