Prévia do PIB registra alta de 0,28% em abril

Fabrício de Castro

17/06/2017

 

 

Meirelles afirma, por meio do Twitter, que o resultado mostra que a recuperação da economia continua no início do segundo trimestre

A economia brasileira cresceu 0,28% em abril em relação a março, de acordo com o Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br), divulgado ontem pela instituição. Esse avanço, que já está livre dos efeitos sazonais, indica que a atividade no País, após voltar a crescer no primeiro trimestre do ano, continuou com trajetória positiva no início do segundo trimestre. Os números, no entanto, ainda não trazem nenhuma influência dos acontecimentos políticos mais recentes, já que a crise ligada à delação de executivos da JBS envolvendo o presidente Michel Temer foi deflagrada em maio.

Medido em pontos, o IBC-Br passou de 134,39 pontos em março para 134,76 pontos em abril, na série com ajustes sazonais. De janeiro a abril, o índice ainda acumula uma baixa de 0,44% em relação ao verificado no mesmo período do ano passado, na série sem ajuste. Na comparação entre abril deste ano e o mesmo mês do ano passado, o recuo foi de 1,75%.

Considerado uma espécie de “prévia” do Produto Interno Bruto (PIB) – que é medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a cada trimestre –, o IBC-Br foi bem recebido pelo governo. “Avanço de 0,28% do indicador de atividade econômica do BC em abril confirma nossas expectativas”, disse o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, por meio do Twitter. Segundo ele, o resultado mostrou que a recuperação da economia, registrada no início do ano, continua na abertura do segundo trimestre.

Estabilização. De fato, os dados do IBC-Br indicam que a economia brasileira está em processo de estabilização. Nos quatro primeiros meses de 2017, o indicador com ajustes sazonais apresentou variações comportadas, sendo que em fevereiro, março e abril ele se manteve na casa dos 134 pontos.

Em suas comunicações mais recentes, o próprio BC vem destacando que a atividade passa por um período “compatível com estabilização da economia brasileira no curto prazo e recuperação gradual ao longo do ano”.

O fator novo no cenário é a crise política, após as delações de executivos da JBS colocarem em dúvida a sustentabilidade do governo Michel Temer e o avanço das reformas. O efeito da crise, de acordo com economistas do mercado, poderá ser sentido mais diretamente nos dados relativos a junho.

Para o economista sênior do Haitong Banco de Investimento do Brasil, Flávio Serrano, a alta de 0,28% do IBC-Br em abril indica que a economia está dando sinais de estabilização e começando a ensaiar uma recuperação.

“É um número bom o suficiente para apontar um resultado positivo (no segundo trimestre). Ainda há a expectativa de bom resultado de atividade em maio. Em junho, pode haver impacto da turbulência política, mas teria de ser muito ruim para o PIB ser negativo no trimestre”, disse.

Mais pessimista, o economista Luiz Castelli, da GO Associados, projeta recuo de 0,1% do PIB no segundo trimestre. Segundo ele, havia uma expectativa de retomada lenta da atividade no começo do segundo trimestre, mas agora é difícil medir os impactos da crise política.

“Maio pode até trazer estabilidade (para o IBC-Br), porém junho deve sentir os efeitos da crise em investimentos e consumo de bens duráveis”, diz.

No geral, os analistas acreditam que a retomada da atividade será lenta. “Dados recentes dão confiança de que a economia alcançou o ponto de inflexão no primeiro trimestre de 2017. Contudo, a expectativa é de que o crescimento seja fraco ao longo de 2017 devido a incertezas e a diversos outros fatores estruturais (incluindo o fraco mercado de trabalho)”, resumiu, em relatório, o economista- chefe para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos. 

 

O Estado de São Paulo, n. 45168, 17/06/2017. Economia, p. B3