Odebrecht detalha propina para alto comando do poder no Peru

GUILHERME AMADO

02/08/2017

 

 

Delações envolvem presidente, vice e ex-mandatário, hoje na cadeia

No Peru, a delação de executivos da Odebrecht envolveu, de uma só vez, o presidente Pedro Kuczynski, os ex-presidentes Ollanta Humala e Alejandro Toledo e a candidata derrotada Keiko Fujimori. Humala está preso, e não deverá ser o único. Se a política peruana fosse um jogo de boliche, a delação de executivos da Odebrecht poderia, sem exageros, ser comparada a um strike. A imagem resume bem o efeito do que ocorreu no país vizinho desde dezembro de 2017, quando a gigantesca colaboração foi assinada. Foram, em maior ou menor grau, envolvidos na Lava-Jato o atual presidente, Pedro Pablo Kuczynski, o PPK, sua vice, Mercedes Arioza, os ex-presidentes Ollanta Humala e Alejandro Toledo, e a candidata a presidente derrotada Keiko Fujimori.

O GLOBO teve acesso a trechos inéditos e até hoje sigilosos da delação de Marcelo Odebrecht e também a anexos sobre o Peru dos executivos Luiz Mameri, Jorge Barata, Luis Alberto Weyll, Rircardo Boleiro e Rogério de Araújo, todos direta ou indiretamente ligados à operação ilegal da empresa no país vizinho.

Humala, atualmente no presídio Barbadillo, em Lima, pode não ser o único a ser preso. Os delatores entregam detalhes de um enredo de pagamentos de caixa dois feitos pelo Setor de Operações Estruturadas semelhante ao de seus adversários políticos, hoje também sob investigação. O caso com mais detalhes, entretanto, envolve bem mais do que caixa dois.

O globo, n. 30676, 02/08/2017. PAÍS, p. 7