Comissão apura ação de ministro nas redes sociais

EDUARDO BARRETTO

01/08/2017

 

 

Maurício Quintella usou empresa contratada pelos Transportes para contas pessoais

A Comissão de Ética da Presidência (CEP) abriu processo contra o ministro dos Transportes, Maurício Quintella. O GLOBO mostrou no último dia 23 que, para operar suas redes sociais pessoais, Quintella utiliza funcionários de empresa contratada para cuidar apenas da comunicação institucional do ministério. O ministro e a empresa FSB Comunicação terão dez dias para se explicar ao colegiado.

— A comissão tem enfatizado em seus julgamentos a necessidade de discernir de maneira muito clara o público do privado. A utilização de recursos oriundos do cargo público deve se restringir ao interesse público e à administração pública. Jamais deve servir para utilização pela autoridade no que concerne a interesse particular — disse o presidente da CEP, Mauro Menezes, que considera o caso “uma conduta de gravidade”. A punição mais grave da comissão é a recomendação de demissão.

O GLOBO mostrou que o ministro acertou pessoalmente a participação da FSB, contratada com verba pública, para controlar redes pessoais. Em 25 de maio à tarde, no próprio ministério, Quintella fez reunião de uma hora e meia com funcionários da empresa para tratar do assunto. Apesar de ter sido feito fora da agenda oficial, o encontro foi registrado. A FSB produziu um estudo analisando o perfil das redes pessoais do ministro e apresentou sugestões para evitar impropriedades e dar tratamento homogêneo às várias plataformas. Quintella passou aos funcionários da FSB suas senhas nas redes, que remetem a ele, à pasta e aos terceirizados vinculados à empresa.

No último dia 23, a assessoria da pasta, que é coordenada pela FSB, negou que as redes do ministro sejam controladas por outra pessoa além do próprio ministro. A despeito da negativa, há registros das tratativas de Quintella para que a empresa assumisse o controle de suas redes sociais. Após a instauração do processo na CEP, ministério e FSB foram procurados novamente, mas não responderam até o fechamento desta edição.

O globo, n. 30675, 01/08/2017. PAÍS, p. 6