Por voto decisivo, uma vaga de peso

Leticia Fernandes

11/08/2017

 

 

Deputado que sepultou denúncia ganha cargo ‘nuclear’

Autor do voto que deu a vitória ao presidente Michel Temer no plenário da Câmara, no último dia 2 de agosto, o deputado Áureo (SD-RJ) poderá indicar um cargo de segundo escalão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, na direção das Indústrias Nucleares do Brasil (INB). O parlamentar deu o voto simbólico que, somado aos votos anteriores, ausências e abstenções, reuniu 172 votos em favor do presidente.

Segundo interlocutores do governo, a ideia é tirar um cargo das mãos do ex-ministro Celso Pansera (PMDB-RJ), que votou a favor da denúncia contra Temer e tem indicados na pasta, e direcioná-lo ao parlamentar fiel a Temer.

A INB interessa à bancada fluminense porque detém o monopólio do urânio no país e atua em toda a cadeia produtiva desde a mineração até a fabricação do combustível que gera energia elétrica nas usinas nucleares.

Procurado pelo GLOBO, Áureo disse que ainda não conversou com Temer sobre possíveis indicações no governo, mas afirmou, em tom de brincadeira, que, se for pelo simbolismo de seu voto, ele tem que virar ministro, como ocorreu com Bruno Araújo (ministro das Cidades), autor do voto que autorizou o impeachment contra Dilma.

— Se fosse pelo simbolismo eu tinha que virar ministro, né. O último que deu voto simbólico virou ministro — afirmou Áureo, logo dizendo que se tratava de uma brincadeira.

Apesar da possibilidade de ganhar um apadrinhado, o deputado afirma que ele não votará a favor da reforma da Previdência.

— Do jeito que o governo apresentou a proposta, minha posição é contra. Eu não tenho como votar.

O globo, n.30685 , 11/08/2017. PAÍS, p. 5