Título: Pressionado, Mantega se defende de escândalo
Autor: Batista, Vera
Fonte: Correio Braziliense, 04/02/2012, Economia, p. 14

Dilma faz ministro quebrar o silêncio sobre as suspeitas de corrupção que derrubaram o presidente da Casa da Moeda

Apresidente Dilma Rousseff precisou entrar em cena para que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, rompesse o silêncio, mantido há quase uma semana, sobre as denúncias de irregularidades que levaram à exoneração do ex-presidente da Casa da Moeda Luiz Felipe Denucci. O temor do Palácio do Planalto é de que, na reabertura dos trabalhos do Congresso, o governo tenha que enfrentar novas denúncias de corrupção, desta vez envolvendo o chefe da equipe econômica.

Mantega chegou, inclusive, a alterar sua agenda ontem, e adiar uma viagem a São Paulo, para discutir as denúncias com Dilma. Em uma rápida entrevista de 11 minutos, o ministro disse que não conhecia Denucci e que o nomeou por indicação do PTB. O ex-subordinado de Mantega é acusado de receber US$ 25 milhões de um fornecedor da estatal em contas bancárias em paraísos fiscais no exterior.

"Não conhecia a pessoa. Nunca o tinha visto antes. O PTB fez a indicação. Ele estava dentro dos critérios técnicos, então aceitei", justificou o ministro. Mantega admitiu que foi avisado, em 2010, sobre irregularidades praticadas por Denucci. A denúncia partiu do deputado Jovair Arantes, do PTB de Goiás e o mesmo que fez a indicação para a Casa da Moeda. Não houve afastamento, segundo o ministro, porque não havia provas formais contra o auxiliar. Mas, depois que o próprio PTB começou a colocar na conta de Mantega a indicação, ele se viu forçado a quebrar o silêncio.

Congresso O PTB chegou a procurar a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, para tentar remover o apadrinhado da Casa da Moeda. Na ocasião, Mantega considerou as acusações "superficiais". O ministro negou que a exoneração tenha ocorrido como consequência de denúncias da mídia ou por pressões do PTB. "Costumamos trocar os funcionários que não cumprem as missões. No caso dele (Denucci), ele estava sendo pressionado. Estávamos providenciando sua substituição", disse.

O Ministério da Fazenda informou que a reunião entre Mantega e Dilma, na manhã de ontem, já estava agendada, e que a iniciativa de falar publicamente sobre o assunto partiu do próprio ministro. Ele não confirmou, contudo, se irá ao Legislativo para dar explicações sobre o caso. "Vamos aguardar as decisões do Congresso. Por enquanto, não tem nenhuma convocação. Não me parece que temos mais a dizer sobre isso", declarou.

"Só um susto" A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, recebeu alta do Sírio-Libanês por volta das 12h de ontem. Na saída do hospital, onde tratou uma crise de hipertensão, ela disse que "foi só um susto". Miriam atribuiu o quadro de pressão alta ao estresse provocado pelo trabalho. "Às vezes, a gente precisa ter um controle maior e fazer exercícios físicos para ajudar", afirmou. A ministra voltará às atividades normais na segunda-feira.