Joesley depõe na PF sobre conta atribuída a petisas

Andreza Matais e Fabio Serapião

14/06/2017

 

 

GOVERNO SOB INVESTIGAÇÃO / Empresário, que está no Brasil desde domingo, é ouvido no inquérito que apura repasses de US$ 80 milhões aos ex-presidentes Lula e Dilma

 

 

O empresário e delator Joesley Batista, principal acionista do Grupo J&F, dono da JBS, voltou ao Brasil no domingo passado e prestou depoimento na Procuradoria da República do Distrito Federal para a Operação Bullish.

A oitiva foi realizada no inquérito que investiga as afirmações prestadas no acordo de colaboração de Joesley sobre repasses de mais de US$ 80 milhões para ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente cassada Dilma Rousseff, ambos do PT.

À época da abertura da investigação, o ex-presidente Lula afirmou que não comentaria o caso antes de ter acesso ao conteúdo da delação. Dilma afirmou que “jamais tratou ou solicitou de qualquer empresário nem de terceiros doações, pagamentos ou financiamentos ilegais para as campanhas eleitorais, tanto em 2010 quanto em 2014, fosse para si ou quaisquer outros candidatos”.

Deflagrada no dia 12 de maio, cinco dias antes do vazamento da delação dos executivos da J&F, a Bullish investiga possíveis irregularidades no repasse de R$ 8,1 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o grupo.

A investigação em que Joesley foi ouvido foi instaurada pelo procurador Ivan Marx porque o desmembramento promovido pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), baseou-se na conexão dos fatos narrados pelos delatores com as irregularidades no banco público.

Em nota, a J&F confirmou que Joesley está no Brasil e sua viagem nos últimos dias teve como objetivo “proteger a integridade de sua família, que sofreu reiteradas ameaças desde que ele se dispôs a colaborar com o Ministério Público”.

De acordo com o comunicado da empresa, Joesley “estava na China – e não passeando na Quinta Avenida, em Nova York, ao contrário do que chegou a ser noticiado e caluniosamente dito até pelo presidente da República”.

Joesley cortou o cabelo para não ser reconhecido.

 

Rejeição

O presidente da CCJ da Câmara, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), decidiu rejeitar pedido de explicações de Edson Fachin, do STF, sobre relação com Ricardo Saud, executivo do Grupo J&F.

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Cunha vai depor em inquérito sobre Temer 

Isadora Peron e Breno Pires 

14/06/2017

 

 

O deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) prestará depoimento hoje no inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal contra o presidente Michel Temer após a delação do grupo J&F. A audiência, às 11h, será na Superintendência da Polícia Federal de Curitiba, cidade onde Cunha está preso desde outubro de 2016.

Em manifestação enviada ao STF, porém, a defesa do peemedebista pede que o depoimento seja adiado, pois os elementos do inquérito “não são de pleno conhecimento” de Cunha.

Eventual adiamento da audiência depende do aval do relator do caso no Supremo, ministro Edson Fachin.

O advogado Rodrigo Sanchez Rios, que defende Cunha, afirmou que o peemedebista vai dizer que não recebeu valores da JBS em troca de seu silêncio. O ex-presidente da Câmara foi citado na conversa entre o empresário Joesley Batista, da JBS, e Temer, no Palácio do Jaburu.

Temer e seu ex-assessor e exdeputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), que está preso, são investigados sob suspeita de prática dos crimes de corrupção passiva, participação em organização criminosa e obstrução de Justiça. Eles negam a prática de qualquer crime.

 

 

O Estado de São Paulo, n. 45165, 14/06/2017. Política, p. A7.