Título: Depois do resultado, o clima é de euforia
Autor: Ribas, Sílvio
Fonte: Correio Braziliense, 07/02/2012, Economia, p. 8/9
Perspectiva é de investimentos no valor de R$ 16 bi, segundo cálculos da Abdib. Projetos serão financiados pelo BNDES
Os números expressivos obtidos ontem pelos leilões dos aeroportos de Brasília, Guarulhos (SP) e Campinas (SP) animaram governo e empresários. Com o papel simbólico de abrir espaço para o investimento privado e iniciar uma fase de superação de entraves ao desenvolvimento, os resultados receberam manifestações positivas imediatas. "A transferência das operações desses aeroportos para a iniciativa privada representa uma quebra de paradigma no mercado aéreo brasileiro", ressaltou a Confederação Nacional da Indústria (CNI) em nota.
Para Paulo Godoy, presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), os leilões foram um "momento auspicioso". "Com R$ 16 bilhões de investimentos previstos ao longo do período de concessão nos três aeroportos, os usuários e as empresas de aviação contarão com infraestrutura renovada, ampliada e modernizada", sublinhou. Ele elogiou ainda a rapidez com que as regras para a concessão foram elaboradas.
As obras exigidas pelo governo até a Copa do Mundo de 2014 serão entregues no prazo, garantiram ontem os representantes dos consórcios vencedores. "A gente sabe da responsabilidade de entregar tudo que é previsto até a Copa", disse o presidente da Invepar, Gustavo Rocha. A Invepar faz parte, juntamente com a sul-africana ACSA, do consórcio que arrematou a concessão de Guarulhos, o mais movimentado do país, por R$ 16,2 bilhões.
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, considerou "excelente" o resultado, além de uma forte "demonstração de confiança na economia brasileira e no seu potencial". Ele esteve presente aos leilões na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa), que reuniu 300 pessoas entre advogados, empresários e corretores. "O BNDES está preparado para apoiar a realização desses investimentos", acrescentou, lembrando que o banco de fomento já ofereceu financiamento de até 80% dos projetos.
Acerto Para o presidente da Associação Nacional das Concessionárias de Aeroportos Brasileiros (Ancab) e da Dufry do Brasil, Humberto Mota, os leilões confirmaram o acerto da nova política aeroportuária brasileira. "O setor privado reiterou sua confiança no Brasil num leilão muito disputado, arrecadando R$ 24,5 bilhões para o governo aplicar na modernização do sistema, ampliação e construção de novos aeroportos", comentou. Ele também ressaltou o trabalho realizado em tempo recorde pelas equipes da Secretaria de Aviação Civil (SAC) e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Apesar da euforia dos vencedores, as ações das empresas perdedoras dos leilões na BM&FBovespa subiram na Bovespa, com a disciplina de capital dessas companhias agradando investidores. No sentido contrário, as ações das sócias dos futuros concessionários caiu. Os papéis da Triunfo perderam 5,01% apesar da vitória em Campinas. As ações da CCR, que estava na disputa dos aeroportos em associação com a operadora suíça de terminais Zurich, inclusive por Guarulhos, por sua vez, subiram 1,96%. "A oferta da CCR chegou ao limite do que a empresa poderia propor", informou Mota.