Título: Galeão, a bola da vez
Autor: Ribas, Sílvio
Fonte: Correio Braziliense, 07/02/2012, Economia, p. 8/9
Logo que foram anunciados os vencedores dos leilões dos aeroportos de Brasília, Guarulhos (SP) e Campinas (SP), começaram também as especulações em torno da segunda rodada de transferência de grandes terminais para a iniciativa privada. Embora o governo ainda não tenha anunciado o plano de outorgas para o setor, previsto para março, a expectativa da própria Secretaria de Aviação Civil (SAC) é iniciar a licitação de mais três no próximo semestre.
No topo da lista estão os do Galeão (RJ), Confins (MG) e Congonhas (SP). Há quem aposte ainda na inclusão dos aeroportos internacionais de Recife e Manaus. "É natural que os consórcios derrotados na disputa de hoje (ontem) continuem e sejam automaticamente candidatos fortes para a segunda rodada, com a vantagem de ter mais conhecimento das regras e do mercado", aposta Marlon Ieri, advogado de um dos grupos. Se observar apenas a valorização dos papéis das empresas de consórcios derrotados, a ideia de que ganhou quem se expôs menos ao risco é um dado a ser levado em conta, acrescenta ele.
A preocupação dos analistas, contudo, está no tamanho dos recursos empenhados nas próximas concorrências, considerando a agressividade conquistada logo na largada. Se o mercado entender que as apostas feitas não representam apetite exagerado pelo risco, as próximas investidas serão um pouco menores, mas importantes. "Os investidores enxergaram muito mais uma grande aposta na explosão do Brasil do que uma resposta com bases técnicas detalhadas", receia Adelmo Emereciano, advogado de outro grupo.
Façanha Como as regras deverão impedir que os próximos leilões sejam vencidos pelos concessionários já escolhidos, o consórcio Inframérica, formado pela construtora catarinense Engevix e pela operadora argentina Corporación América, conseguiu a façanha de deter duas concessões: São Gonçalo do Amarante (RN) e Brasília. Falta saber também o real peso do capital dos operadores internacionais. Ontem, por exemplo, o presidente da Engevix ressaltou que o lucro das operações em Brasília será dividido meio a meio com o sócio argentino, apesar deste ter só 10% do capital da parte privada.
Especialistas observam ainda que a abertura ao investimento em infraestrutura a partir dos aeroportos deverá repercutir em outras iniciativas da União e de estados. Há grande expectativa em relação à apresentação de candidatos à licitação do trem de alta velocidade (TAV) entre São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro, por exemplo. (SR)