Título: Brasil e Colômbia fecham parceria
Autor: Luiz, Edson
Fonte: Correio Braziliense, 18/01/2012, Política, p. 5

O governo da Colômbia manifestou interesse em participar do projeto de construção do avião militar KC-390, desenvolvido pela Embraer em conjunto com Portugal, Argentina e República Tcheca. Ontem, os ministros da Defesa colombiano, Juan Carlos Pinzón Bueno, e brasileiro, Celso Amorim, assinaram um acordo para que as duas nações troquem tecnologias para o setor. O Brasil está interessado em um navio e barcos para a Amazônia, enquanto que Bogotá, além da aeronave, quer participar do Centro Integrado de Informações, para combater o crime organizado nas fronteiras de seu país, além do Veículo Aéreo Não Tripulado (Vant).

O encontro entre Amorim e Pinzón foi o primeiro de uma série já agendada entre os dois países, sendo que o próximo ocorrerá em Cartagena, quando haverá uma reunião de ministros da Defesa e da Justiça da União das Nações Sul-Americanas (Unasul). "No ano passado, a presidente Dilma Rousseff lançou o programa de Defesa que agora estamos implementando com os acordos binacionais com a Colômbia", afirmou Amorim, ressaltando que os dois países também vão negociar a cooperação também para a indústria da defesa. "A nossa visão de América do Sul é a união. Devemos olhar mais a questão da defesa", observou o ministro.

Pinzón disse que a Colômbia tem grande interesse em entrar no projeto de desenvolvimento do KC-390, um jato de transporte de tropas e cargas militares que está sendo realizado pela Embraer, ao custo de R$ 800 milhões e será usado pela Força Aérea Brasileira (FAB). Além da participação de Portugal, República Tcheca e Argentina na empreitada, o governo brasileiro procura outros parceiros. "O Brasil tem iniciativas de tecnologias avançadas em aviões de transporte militar e podemos fazer esse desenvolvimento em conjunto", afirmou Pinzón, citado como exemplos, os caças Tucano e Super Tucano, que também foram construídos pela Embraer e comprados pela Colômbia.

Copa de 2014 O ministro brasileiro ressaltou que a entrada da Colômbia no projeto KC-390 não representa apenas uma troca pela tecnologia de navios e barcos que são desenvolvidos no país vizinho. "Já avançamos e passamos da fase de requisitos. Vamos entrar agora no projeto e depois na construção (das navegações). Há uma disposição política", ressaltou Amorim. O governo colombiano pretende adotar medidas para viabilizar sua participação no projeto nos próximos seis meses. Além disso, Pinzón propôs a criação de um Centro Integrado de Informações para combater o crime organizado, que teria uma vocação regional, mas seria instalado no Brasil. "Esse trabalho na fronteira é muito importante, por isso deve ser criada uma rede de inteligência, especialmente na Amazônia", justifica o ministro.

Fora o intercâmbio tecnológico, Brasil e Colômbia farão ações militares em conjunto. Pinzón demonstrou interesse também na capacitação das forças do país em operações de paz — hoje o Brasil tem um dos efetivos mais preparados nessa área em todo o mundo. O governo colombiano ofereceu a Amorim ajuda na área de inteligência, durante a realização da Copa de 2014 e dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016, e pediu para ter observadores nos dois eventos. Pinzón ainda se reuniu reservadamente com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. O teor do encontro não foi divulgado.