Fachin homologa delação de ex-presidente do PP

CAROLINA BRÍGIDO

09/08/2017

 

 

Condenado no mensalão e na Lava-Jato, Pedro Corrêa conseguiu acordo após tentativa frustrada em 2016

O ministro Fachin, relator da Lava-Jato no STF, homologou a delação do ex-deputado Pedro Corrêa. Condenado no mensalão do PT e investigado na Lava-Jato, Corrêa deve falar de diversos políticos. -BRASÍLIA- O ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), homologou ontem a delação premiada do ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP-PE), que foi cassado em 2006. Condenado no mensalão e na Lava-Jato, Corrêa firmou o acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR). A homologação valida os termos da colaboração, que continuam sob sigilo.

A delação agora volta à PGR, para que a instituição aponte se quer pedir abertura de inquéritos no STF a partir dos depoimentos. Não há previsão de quando o conteúdo da delação será liberado. Pedro Corrêa cumpre prisão domiciliar desde fevereiro, em Recife.

Corrêa já tinha tentado celebrar acordo de delação premiada no ano passado, mas o Supremo negou a proposta alegando falta de provas do ex-deputado em suas afirmações. Na ocasião, Corrêa havia citado três ex-presidentes, um ministro do Tribunal de Contas da União, além de deputados e senadores.

No dia 5 de junho, em audiência com o juiz Sergio Moro, por quem foi condenado na Lava-Jato, Corrêa apresentou fotos com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foi uma tentativa de desmentir o petista, que negou ter relações com o parlamentar do PP em seu depoimento também a Moro, no dia 10 de maio, em Curitiba.

— Eu não era um desconhecido do Lula, como ele afirmou que não tinha relação comigo. Eu vivia no Palácio do Planalto, e participava de pelo menos duas reuniões por mês do Conselho Político, com todos os presidentes dos partidos — disse o deputado cassado.

Segundo Corrêa, as imagens mostravam cenas de reuniões que ocorriam no Palácio do Planalto para tratar de supostos pagamentos de propina a parlamentares da base aliada, com objetivo de garantir apoio ao governo Lula.

Pedro Corrêa foi condenado a vinte anos de prisão na Lava-Jato pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção. Ele foi acusado de receber R$ 11,7 milhões em propina. Na sentença, Moro afirmou que era “perturbador” o fato de Corrêa ter recebido pagamentos ilícitos enquanto era julgado pelo STF, no caso do mensalão, quando foi condenado a sete anos e dois meses de prisão. Ao ser preso pela Lava-Jato, em abril de 2015, o ex-deputado cumpria pena em regime semiaberto.

O globo, n.30683 , 09/08/2017. PAÍS, p. 5