PGR suspeita de falta de dados em ‘HD da propina’

THIAGO HERDY

06/08/2017

 

 

Análise de informações fornecidas pela Odebrecht revelou lacunas; empresa diz que vai buscar o que falta

A Odebrecht entregou à Procuradoria-Geral da República (PGR) uma versão do sistema de propina da empreiteira, também conhecido como Drousys, com dados incompletos, segundo os responsáveis pela análise do material. A falta de informações, úteis a novas apurações, foi comunicada à empresa, que se comprometeu a buscar dados complementares em outras fontes.

Os dados foram entregues à força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, em março, em quatro HDs que totalizam 3,5 terabytes. Em seguida, foram encaminhados à Secretaria de Análise e Pesquisa da PGR, responsável por prepará-los para uso em investigações.

O Drousys era uma plataforma colaborativa, por meio da qual funcionários da Odebrecht registravam, em ferramentas de edição de texto, trocas de emails e chats relacionados a pagamentos secretos feitos a políticos. Os dados estavam originalmente guardados em um servidor da Suíça e teriam sido transferidos para outro servidor na Suécia, onde foi realizada a cópia entregue aos procuradores.

— A gente acredita que o conteúdo não é integral, algumas informações não estão batendo. Ainda não é possível saber o que está faltando — disse ao GLOBO um dos envolvidos na análise de dados.

Responsável por cobrar os dados da Odebrecht, a Lava-Jato em Curitiba informou que os dados entregues são “uma fotografia no tempo” e que a natureza do sistema fazia com que as informações mudassem “à medida que usuários criavam, alimentavam ou apagavam arquivos”.

Uma outra “fotografia” do sistema também teria sido recuperada recentemente e, “possivelmente, contém dados adicionais (...) e será, como a primeira, objeto de análise técnica”, informou o Ministério Público Federal (MPF).

Autoridades suíças já haviam apreendido informações do Drousys que até hoje não chegaram ao Brasil, apesar do acordo com a empresa ter sido celebrado há quase nove meses. Segundo o MPF, a empresa se comprometeu a autorizar a remessa de dados pelas autoridades suíças”.

O globo, n.30680 , 06/08/2017. PAÍS, p. 5