Reajuste só será em 2020 para alguns servidores

Martha Beck

17/08/2017

 

 

O adiamento do reajuste salarial dos servidores do Executivo federal não ficará limitado a 2018. Segundo técnicos do Ministério do Planejamento, as 23 categorias que negociaram aumentos para um período de quatro anos também terão a correção de 2019 postergada para 2020. Esse grupo tem 372,6 mil pessoas e inclui, por exemplo, gestores, policiais federais, policiais rodoviários federais, auditores da Receita, do Trabalho, médicos peritos do INSS, diplomatas, docentes e funcionários de Banco Central, Ipea, CVM e Susep. A medida vale apenas para os servidores civis.

A decisão de congelar os salários no ano que vem faz parte de um pacote de redução de gastos preparado pela equipe econômica para conseguir fechar as contas públicas. Embora o governo tenha anunciado que vai propor ao Congresso uma mudança na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para aumentar o rombo fiscal de 2018 de um déficit primário de R$ 129 bilhões para R$ 159 bilhões, a conta só fecha com receitas extras e diminuição de despesas. O adiamento em 2018 vai gerar economia de R$ 5,1 bilhões.

O reajuste médio acertado entre as 23 categorias e o governo foi de 27,9% para quatro anos. Para algumas carreiras, como a de policiais, o percentual chegou a 47%. Segundo os técnicos, isso significa que esses servidores conseguiram um bom acordo, uma vez que asseguraram um ganho real (acima da inflação) em seus rendimentos. Em julho de 2016, a expectativa de inflação para 2017 estava em 5,4%. Este ano, ela caiu para 3,28%.

O pacote da equipe econômica para os servidores também limita o salário inicial do serviço público em R$ 5 mil. Esse, porém, não será o valor para todas as categorias. Já há um entendimento dentro do Planejamento que, em algumas carreiras, esse valor é muito baixo. É o caso, por exemplo, de delegados, médicos e professores universitários. Nestes caso, os salários iniciais poderiam ser mais altos, mas alinhados com os do setor privado.

— O parâmetro será o mercado — explicou um técnico da equipe econômica.

O globo, n.30691 ,17/08/2017. ECONOMIA, p. 19