Título: Anvisa confirma queixas de nova prótese
Autor: Castro, Grasielle
Fonte: Correio Braziliense, 10/01/2012, Brasil, p. 7

A agência não divulga o número das reclamações referentes aos produtos da holandesa Rofil. Segundo a sociedade internacional de cirurgiões plásticos, assim como os da PIP, eles têm um risco maior de vazamento

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) confirmou ontem que recebeu reclamações com relação às próteses mamárias de silicone preenchidas com material irregular da marca holandesa Rofil. Segundo a Sociedade Internacional de Estética e Cirurgia Plástica (Isaps), o produto, assim como o produzido pela empresa francesa Poly Implant Prothese (PIP), corre risco de ruptura prematura. Em reportagem publicada pelo Correio no último sábado, a agência afirmou que, por razões sigilosas, não poderia revelar a existência de queixas relacionados à prótese holandesa. Ontem, a assessoria de imprensa da agência disse que recebeu "algumas reclamações" e afirmou que os técnicos analisam a documentação do produto com relação à comercialização e produção.

Até a última quinta-feira, a Anvisa havia recebido 94 queixas sobre próteses mamárias. Dessas, 12 tinham sido registradas contra a empresa PIP, que forneceu matéria-prima à Rofil. A Isaps, sediada nos Estados Unidos, recomenda a remoção de implantes das duas marcas. Já a Anvisa indica apenas uma avaliação médica às pessoas que utilizam a prótese da PIP.

A agência brasileira também não sabe informar quantas próteses da Rofil foram comercializadas no país. Em 2004, deu aval para a distribuidora Andema Comercial e Importadora trabalhar com essa marca no mercado nacional. E, em 2008, a Phamedic Pharmaceuticals passou a ser a responsável pelo produto no país. "Acredito que por volta de 50 pares de próteses foram comercializados", estima o gerente comercial da Pharmedic, Adriano de Paiva.

De acordo com ele, a empresa parou de trabalhar com esse produto em 2009 devido ao alto custo. "O valor agregado era muito alto, não tinha como importar. O par era vendido, na época, por R$ 2,5 mil. A venda foi decaindo e a empresa não importou mais", explica Adriano de Paiva. O caso é diferente do da PIP, em que os implantes eram conhecidos por serem os mais baratos do mercado. Custavam em média R$ 1,8 mil. Na época, próteses tinham preço médio de R$ 2 mil. Hoje, o valor caiu para R$ 1.500.

Adriano garante que, durante o período em que a Pharmedic comercializou o produto, a empresa não recebeu queixas. "Foram zero casos", pontuou. Segundo o advogado da Pharmedic, Marcelo Piacitelli, a importadora foi acionada na Justiça de São Paulo uma única vez por uma mulher que teve problemas na prótese. Porém, de acordo com ele, na época em o implante foi realizado, a Pharmedic não era responsável pela distribuição do material, e sim a Andema. "O representante era outro. Não sabemos como eles haviam armazenado nem trazido esse material", argumenta.

Procurados pela reportagem do Correio para comentar o caso, os representantes da Andema não retornaram às ligações. Na semana passada, o gerente comercial da empresa, Pedro Lozer Filho, informou que não sabia quantos implantes haviam sido comercializados nem se existiam reclamações sobre o produto da Rofil. Segundo ele, apenas o presidente da Andema, que está em viagem até a próxima semana na Nova Zelândia, poderia passar as informações.

Amanhã, o presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, vai se reunir com representantes do Ministério da Saúde e das sociedades Brasileiras de Cirurgia Plástica e de Mastologia para discutir a situação dos implantes mamários no país.

Espalhadas pelo mundo Seis países já recomendaram a remoção preventiva do implante da PIP. O movimento começou na França e já conta com a Alemanha, República Tcheca, Bolívia, Venezuela e Portugal. Países como a Inglaterra, que não indicam a remoção, alegam que ainda faltam informações com relação aos reais riscos do produto. A estimativa é de que cerca de 300 mil mulheres em 65 países tenham recebido implante da PIP.