Raquel diz que marcou reunião com Temer

EDUARDO BRESCIANI

14/08/2017

 

 

Procuradora divulgou nota sobre polêmico encontro com presidente

Cinco dias depois do encontro com o presidente Michel Temer, o gabinete da procuradora Raquel Dodge, que vai substituir Rodrigo Janot na Procuradoria-Geral da República (PGR), divulgou outra nota ontem sobre a reunião. O encontro gerou polêmica porque não constava da agenda de Temer, que, no mesmo dia, por meio de seus advogados, tinha pedido ao STF a suspeição de Rodrigo Janot. Tanto o Planalto como Raquel informaram que o encontro, ocorrido depois das 22 horas no Palácio do Jaburu, residência oficial de Temer, limitou-se a tratar da data de posse da nova procuradora.

Na nota divulgada ontem, o gabinete da procuradora destaca que a audiência foi pedida de maneira formal no dia 7 de agosto, por e-mail. A confirmação teria sido feita entre as secretarias da PGR e do Planalto, e o encontro constava na agenda de Dodge. Relata ainda que a audiência ocorreria no Planalto no fim da tarde, mas que, como Temer se atrasou no retorno de viagem a São Paulo, a reunião acabou sendo realizada no Palácio do Jaburu.

Segundo a nota, a motivação do encontro foi institucional. Raquel teria argumentado com o presidente a necessidade de tomar posse antes da viagem que Temer fará aos Estados Unidos para a abertura da Assembleia Geral da ONU, no dia 19 de setembro. “O mandato do atual PGR terminará no dia 17 de setembro. Com isso, caso a posse ocorresse apenas após a viagem presidencial, o Ministério Público da União (MPU) ficaria sem titular para o exercício de funções institucionais junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), a partir do dia 18 de setembro”, diz trecho da nota.

Raquel também teria manifestado a intenção de que o evento ocorresse na Procuradoria-Geral da República. Após o encontro, o governo chegou a divulgar que a posse seria no Palácio do Planalto, mas posteriormente a PGR anunciou oficialmente que sediaria o evento.

 

SUSPEIÇÃO

No mesmo dia da reunião entre o presidente e Raquel, o advogado de Temer, Antonio Mariz de Oliveira, pediu ao STF que o atual procurador-geral seja afastado dos inquéritos que investigam o peemedebista por considerá-lo parcial. Raquel, a segunda mais votada da lista tríplice, não era a candidata de Janot à sua sucessão.

A candidatura de Raquel para chefiar o Ministério Público Federal contou com forte apoio de três peemedebistas: o ex-presidente José Sarney, o ex-presidente do Senado Renan Calheiros (AL) e o ex-ministro da Justiça Osmar Serraglio (PR). Os dois primeiros são investigados na Lava-Jato. A condução da operação será a principal tarefa de Raquel na PGR.

O globo, n.30688 , 14/08/2017. PAÍS, p. 5