Título: PT foi o mais fiel a Dilma em plenário
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 10/01/2012, Política, p. 5

Partido não decepcionou o Planalto nas votações do primeiro ano do novo governo. Já o PMDB teve comportamento oscilante

Os partidos de esquerda, somados ao PMDB, foram os mais fiéis ao governo Dilma Rousseff no primeiro ano de mandato da petista no Palácio do Planalto, bem à frente de PR, PTB e PP, integrantes da base aliada. Apesar da candidatura de Dilma ter sido, em um primeiro momento, uma imposição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT foi o partido que mais vezes votou a favor do governo nas 84 votações nominais realizadas na Câmara e nas 43 realizadas no Senado.

Segundo avaliações feitas pelo Planalto e obtidas pelo Correio, o PT também é o partido que apresentou, ao longo de 2011, o comportamento mais homogêneo, liderando o ranking de fidelidade nas duas Casas. Já o PMDB, segundo maior partido da coalizão governista, apresentou comportamento oscilante, sendo mais fiel na Câmara do que no Senado.

O resultado, de certa forma, surpreende os analistas, já que o PMDB da Câmara enfrentou diversas turbulências recentemente. Apesar da recondução pela bancada em reunião realizada no fim do ano, o líder Henrique Eduardo Alves (RN) teve, por diversas vezes, sua autoridade questionada pelos deputados e pelo próprio Palácio do Planalto, especialmente durante a tramitação do Código Florestal na Casa.

No Senado, voltou a ganhar força a articulação política feita pelos líderes Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR) e José Sarney (AP), todos peemedebistas. Em novembro, Sarney surpreendeu o Planalto, colocando em votação, sem qualquer combinação com o governo, a regulamentação da Emenda 29, que define o percentual que estados e municípios devem aplicar diretamente na Saúde. A legenda também deu outro recado ao governo: se o PT insistisse com as movimentações para tirar Jucá da liderança no Senado, o PMDB pararia de votar alinhado com o Executivo.

Partido na berlinda com suspeitas de irregularidades no Ministério da Integração, o PSB também deu provas a Dilma de que pode contar com a legenda nos momentos de aperto. Tanto na Câmara quanto no Senado, o partido disse sim à maioria dos projetos que exigiram votação nominal. Essa fidelidade foi maior entre os senadores do que entre os deputados, embora na Câmara, durante boa parte do ano, o partido tenha sido liderado por Ana Arraes (PE), mãe do presidente do partido e governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

Queda O PR, primeiro partido da base a perder um ministro no governo Dilma, após denúncias de corrupção, em julho de 2010, teve comportamento oscilante depois de o presidente da legenda e senador, Alfredo Nascimento (AM), ter deixado a pasta dos Transportes. Na época, a sigla chegou a ensaiar um rompimento com o governo, mas hoje tenta se cacifar no Planalto.

Ao Correio, o líder Lincoln Portela (PR-MG) disse que já conversou com os ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Ideli Salvatti (Secretaria de Relações Institucionais) e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral). "Nós continuamos votando com o governo. Esse assunto (a reaproximação) voltou à tona e, naturalmente, deve ocorrer algo no início do ano. A maioria quer retornar", declarou Portela.