Título: Ações contra as chuvas. De 2013
Autor: Braga, Juliana; Lyra, Paulo De Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 10/01/2012, Política, p. 2

Para tentar descolar a imagem de inércia e favorecimento político diante das chuvas, que abriu uma crise no Ministério da Integração Nacional, o governo anunciou ontem um pacote de medidas de enfrentamento dos danos causados por desastres naturais. O principal é a criação de uma Força Nacional de Apoio Técnico de Emergência, grupo composto de integrantes de diversos ministérios, para atuar na reconstrução das áreas atingidas. Serão 150 especialistas, entre eles 35 geólogos e 15 hidrólogos, que serão deslocados para as regiões de mais alto risco em Minas Gerais, no Espírito Santo e no Rio de Janeiro.

O pacote tem o cunho mais político do que estrutural. Parte das ações anunciadas já não são eficientes para o período de chuvas atual. Os quatro radares que o Ministério da Ciência e Tecnologia vai adquirir, por exemplo, só devem ser entregues em dois meses, a tempo somente das chuvas no Nordeste.

Outras medidas anunciadas não são novidades. A reabertura de crédito dos R$ 444 milhões para contenções de chuva já havia sido publicada no Diário Oficial na semana passada e a liberação do FGTS para vítimas de desastres naturais já é autorizada.

Para mostrar eficiência, os ministros têm se mobilizado para acompanhar as ações nos locais atingidos. Ontem mesmo, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, e dos Transportes, Paulo Passos, foram a Vitória e hoje seguem para o município de Sapucaia, no Rio de Janeiro, onde um deslizamento de terra deixou nove mortos. Já Alexandre Padilha voa para a Zona da Mata mineira.

Apesar dos estragos que a chuva já provocou em 2012, o governo garante agora estar mais preparado do que em anos anteriores. "Embora a situação seja grave, eu gostaria de dizer que talvez essa seja uma das vezes em que estejamos trabalhando de forma mais preparada, em conjunto com estados e municípios para dar uma resposta as situações e à população. Evitar mortes é nossa prioridade número um", afirmou Gleisi. A ministra da Casa Civil destacou também que os ministérios têm se encontrado desde outubro para planejar como seria o enfrentamento às chuvas.

Bezerra complementou ainda que, desde os desastres na Região Serrana do Rio de Janeiro no ano passado, a presidente Dilma destinou R$ 11 bilhões em investimento nas áreas de macridrenagem, proteção de morros e reforço de encostas. Mas afirmou que duas décadas foram perdidas, e que os investimentos na área só foram retomados no governo Lula.

"Essa mudança de gastar dinheiro com reconstrução, de estar querendo fechar a porta depois que o desastre ocorreu, vai demandar tempo. Não é agenda apenas para um governo, é uma agenda para uma geração", afirmou Bezerra. "Nós vamos enfrentar, sim, sempre dificuldades no período de chuvas porque vai demandar sempre crescentes investimentos em prevenção, mas eles estão ocorrendo. Eles vão ocorrer cada vez com mais intensidade", reconhece.

Medidas emergenciais A presidente Dilma Rousseff reuniu os ministros e anunciou ações de resposta às chuvas. Confira as medidas.

Envio de 150 especialistas para áreas de mais alto risco, entre eles, 35 geólogos e 15 hidrólogos

Funcionamento dos postos avançados da Defesa Civil até março. Eles vão ajudar na reconstrução das áreas afetadas e identificar pontos que precisarão de reforços até 2013

Resgate do FGTS por vítimas que tiverem suas casas destruídas

Retirada da população quando o Centro de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden) emitir alertas de risco alto ou muito alto

Aquisição de quatro radares meteorológicos para reforçar o monitoramento das chuvas. Eles serão alocados em Vitória, Salvador, Alagoas e no Vale do Paraíba

Instalação de 3 mil pluviômetros manuais e outros 1,5 mil automáticos

Envio de 100 profissionais do Ministério da Saúde para auxiliar no tratamento e na prevenção de doenças em áreas da Zona da Mata e da Bacia do Rio Doce, em Minas Gerais

Destinação de 800kg de kits de medicamentos e suprimentos de saúde para o Espírito Santo. Já foram enviadas oito toneladas para Minas Gerais e quatro para o Rio de Janeiro