O MPF pediu 25 anos de prisão para Bendine. Além dele, outras seis pessoas foram denunciadas, incluindo o marqueteiro André Gustavo Vieira da Silva, também preso na 42ª fase da Lava-Jato, e Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira que leva seu sobrenome. O juiz Sergio Moro ainda vai analisar o pedido. Se aceitar a denúncia, Bendine vai virar réu de uma ação penal.

Em nota, a defesa de Bendine afirmou que a atuação do ex-presidente da Petrobras e do BB “pautou-se pela legalidade e não houve benefício à Odebrecht ou a qualquer outra empresa no período em que presidiu” as empresas.

A investigação começou após o acordo de colaboração premiada da Odebrecht. Marcelo e outros executivos entregaram detalhes da negociação de propina com o ex-presidente da estatal.

Os investigadores encontraram emails enviados por Bendine para o departamento jurídico da Petrobras sobre a possibilidade de suspender medidas tomadas contra a empreiteira durante a deflagração das primeiras fases da Lava-Jato. As mensagens foram enviadas em fevereiro de 2015, poucos dias após uma reunião entre Bendine, André Gustavo, Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, outro executivo da empreiteira, na qual o pagamento de R$ 3 milhões teria sido acertado. Apesar da consulta, no entanto, o departamento jurídico não recomendou a operação. Segundo o MPF, Bendine recuou do pedido.

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Os pagamentos da Odebrecht foram intermediados pela empresa de publicidade de André Gustavo já com a LavaJato em andamento. Segundo o procurador, um contrato de consultoria entre André Gustavo e a Odebrecht Ambiental foi simulado para servir como comprovação de que André teria prestado um serviço à companhia.

— Os elementos de prova são fortes em demonstrar que Bendine, enquanto presidente da Petrobras, recebeu propina para favorecer a vida da Odebrecht na Petrobras — afirmou o procurador Athayde Ribeiro da Costa.

Os procuradores da Lava-Jato aproveitaram a entrevista coletiva para tratar das duas decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes que libertaram o empresário Jacob Barata Filho, acusado de corrupção pelo suposto pagamento de propinas a políticos em troca de vantagens no setor de transportes do Rio.

— Entendemos que a posição em pedir o reconhecimento da suspeição de Gilmar Mendes é a mais acertada pelas evidentes ligações que Gilmar e seus familiares, objetiva e subjetivamente, têm com o empresário que foi preso — afirmou Carlos Fernando dos Santos Lima.

O procurador também criticou o projeto de reforma política que deverá ser colocado em votação no Congresso e que deve instituir o “semidistritão”. Para ele, a reforma representaria uma renovação menor que a do atual sistema. (*Estagiário, sob a supervisão de Flávio Freire)

SERGIO MORAES/REUTERS/28-1-2016 Denunciado. Bendine, que responderá por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e outros crimes

O globo, n.30697 , 23/08/2017. PAÍS, p. 6