PSDB avalia se eventual denúncia da PGR tem chance de progredir no Congresso

Marcelo Ribeiro

09/06/2017

 

 

Após muita divergência sobre qual o momento mais adequado para desembarcar do governo, o PSDB deve avaliar se uma eventual denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer irá adiante no Congresso Nacional.

O deputado Pedro Cunha Lima (PB), primeiro vice-líder do PSDB na Casa reconheceu que há parlamentares que defendem a permanência provisória, mas, em sua avaliação, "o problema do governo está longe de ser apenas o TSE". "Do ponto de vista político e de governabilidade, já terá passado da hora de o PSDB desembarcar, seja Temer cassado ou absolvido pela Justiça Eleitoral", concluiu Cunha Lima, alinhado ao grupo interno conhecido como "cabeças pretas", uma alusão à juventude.

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) reagiu à movimentação de desembarque dos tucanos. "Se o PSDB deixar hoje a base vai ficar muito difícil de o PMDB apoiá-los nas eleições de 2018", disse Jucá. "Política é feita de reciprocidade."

O secretário-geral do PSDB, deputado Silvio Torres, retrucou ontem mesmo. "Acho que ameaças não ajudam no entendimento entre partidos, ainda mais quando vêm do presidente do partido e homem de confiança de Temer", afirmou. O parlamentar é um dos tucanos mais próximos ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, presidenciável em 2018.

Caso o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresente uma denúncia contra Temer, o Supremo Tribunal Federal (STF) encaminhará a acusação para que a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados analise o pedido. Na sequência, a denúncia seria analisada pelo plenário da Casa. Assim como aconteceria em um pedido de impeachment, para evitar que a denúncia fosse encaminhada ao Supremo, Temer precisaria do apoio de 171 parlamentares.

Segundo parlamentares da base governista, o presidente conta com o apoio de pouco mais de 250 deputados, incluindo nomes do PSDB.

Na avaliação dos tucanos, se a avaliação indicar que Temer permanece no comando do Palácio do Planalto ao conseguir barrar uma eventual denúncia de Janot, o PSDB poderia protelar o anúncio do desembarque do governo. Para eles, uma possível absolvição do presidente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não deve amenizar a pressão de parte dos tucanos pelo desembarque. (Com agências noticiosas)

 

 

Valor econômico, v. 17, n. 4273, 09/06/2017. Política, p. A10.