CRISTIANE JUNGBLUT
MARIA LIMA
ELIANE OLIVEIRA
23/08/2017
A privatização da Eletrobras causou polêmica no meio político. Enquanto o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), classificou a decisão do governo de “histórica”, o PT chamou a medida de “irresponsável”. A ex-presidente Dilma Rousseff entrou na discussão e criticou o Ministério de Minas e Energia.
“Vender a Eletrobras é abrir mão da segurança energética. Como ocorreu em 2001, no governo FHC (Fernando Henrique Cardoso), significa deixar o país sujeito a apagões”, escreveu Dilma em seu perfil no Twitter.
“O resultado é um só: o consumidor vai pagar uma conta de luz estratosférica por uma energia que não terá fornecimento garantido”, acrescentou.
‘CABIDES DE EMPREGO’
Rodrigo Maia argumentou que a empresa teve prejuízos, sobretudo, nos governos do PT. Para ele, é preciso privatizar várias empresas públicas que são apenas “cabides de emprego com má gestão”.
— Para mim, essa é uma notícia histórica. Não tem nenhuma necessidade de o governo ter o controle, a gestão da Eletrobras, porque a gente viu que os últimos anos, principalmente no governo do PT e da presidente Dilma, foram desastrosos. Aliás, a declaração da presidente Dilma me dá muito conforto na decisão de privatizar. Se ela diz que há um risco para o setor de energia no Brasil, eu digo o contrário. Privatizar a Eletrobras, privatizar mais de cem empresas públicas que não servem para nada, são meros, na sua maioria, cabides de emprego e muito más na sua gestão.
A bancada do PT na Câmara divulgou nota em que repudia a decisão. Segundo o comunicado, assinado pelo líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), o governo atual propõe a privatização do setor elétrico nacional sem levar sequer em consideração impedimentos constitucionais referentes ao controle da Eletronuclear e aos acordos binacionais.
“Essa é uma medida irresponsável e entreguista que afeta os interesses de toda a população brasileira. É uma mudança geral e drástica do marco regulatório do setor elétrico, criado nos governos Lula e Dilma, que proporcionou segurança energética e expansão do parque gerador e de transmissão”, diz um trecho da nota.
O senador Jorge Viana (PTAC) disse que a privatização da Eletrobras não pode ser usada para tapar o rombo fiscal. Já o senador Álvaro Dias (PodePR) fez um alerta:
— É temerário defender a privatização de empresas energéticas, porque é um setor essencial, sobretudo nesse ambiente de esquizofrenia politica de um governo sem credibilidade. Essa possibilidade oferece riscos de prejuízos”, disse o senador Álvaro Dias (Pode-PR).
O globo, n.30697 , 23/08/2017. ECONOMIA, p. 20