Campanha de Haddad à Prefeitura é investigada

Fausto Macedo / Julia Affonso / Luiz Vassallo

02/06/2017

 

 

Desdobramento da Lava Jato, operação Cifra Oculta apura crimes eleitorais e lavagem de dinheiro na disputa eleitoral de 2012, vencida pelo petista

 

 

A Polícia Federal deflagrou ontem a Operação Cifra Oculta, que investiga a suspeita de crimes eleitorais e lavagem de dinheiro relacionados à campanha de Fernando Haddad (PT) para a Prefeitura de São Paulo em 2012. O inquérito tem como base depoimentos do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, e do executivo do grupo, Walmir Pinheiro.

A Cifra Oculta é um desdobramento da Operação Lava Jato.

A investigação apura o pagamento via caixa 2, pela UTC, a gráficas da campanha do petista no valor de R$ 2,6 milhões.

Uma das gráficas pertence a familiares do ex-deputado estadual Francisco Carlos de Souza, o Chico Gordo (PT). O exprefeito nega as acusações.

A Polícia Federal queria conduzir coercitivamente Haddad e sua ex-vice Nádia Campeão para prestarem depoimento, mas o juiz da 1.ª Zona Eleitoral de São Paulo, Márcio Antônio Boscaro, negou o pedido.

Boscaro, que acolheu parcialmente pedido da PF em inquérito, determinou a busca, apreensão e o sequestro de bens em gráficas que prestaram serviços à campanha de para a Prefeitura de São Paulo. A decisão também se estendeu aos endereços residenciais dos donos das gráficas.

Em nota, a PF informou que 30 policiais federais cumpriram 9 mandados de busca e apreensão, expedidos nas cidades de São Paulo, São Caetano e Praia Grande.

O delegado da Polícia Federal Rodrigo Costa, chefe da Delegacia de Combate ao Crime Organizado em São Paulo, afirmou que Haddad será intimado a prestar depoimento na Operação.

O delegado disse que o indiciamento criminal do ex-prefeito ‘é uma possibilidade’.

Haddad poderia ser indiciado criminalmente pela PF por falsidade ideológica na prestação de contas à Justiça Eleitoral e lavagem de dinheiro, que podem levar a uma condenação de até dez anos de prisão e multa.

Segundo a investigação, os recursos foram repassados por meio do doleiro Alberto Youssef, delator da Lava Jato, em transferências bancárias e também com dinheiro vivo. A PF destacou que uma gráfica citada na delação aparece como ‘fornecedora de serviços’ da campanha de Haddad, com valores informados de R$ 354,4 mil – consta na prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral outra prestação de serviços gráficos de R$ 252,9 mil, valores bem inferiores à soma de R$ 2,6 milhões que a empreiteira informou ter pago às gráficas da campanha do petista em 2012.

 

Caixa 2. Haddad poder ser ouvido pela Polícia Federal

 

 

O Estado de São Paulo, n. 45153, 02/06/2017. Política, p. A5.