Título: Conversa comprometedora
Autor: Araújo, Saulo ; Taffner, Ricardo
Fonte: Correio Braziliense, 03/02/2012, Cidades, p. 17

O vídeo divulgado na noite de quarta-feira revela um Onofre de Moraes descontraído, na companhia dos colegas de corporação — o chefe do Departamento de Polícia Especializada (DPE), Mauro Cézar Lima, e o atual diretor-adjunto da Divisão de Apoio Técnico e Estratégico, da Coordenação de Inteligência e Estratégia, o agente Doginal Galdino Lima. Este último é irmão do empresário Dogival Galdino Lima Júnior, dono da DGL Empreendimentos Imobiliários.

De acordo com o vídeo, o empresário procura o jornalista Edson Sombra para tentar conseguir a publicação de uma denúncia contra o governo por conta de supostas irregularidades na Feira dos Importados. Durante a conversa, o quinteto dispara críticas e comentários contra autoridades do Distrito Federal. Quando Doginal reclama de licitações, Onofre dispara: "Quem está operando é o Tadeu", em referência ao vice-governador do DF, Tadeu Filippelli.

O vídeo foi editado. Contém 37 minutos e 39 segundos e tem data de 16 de junho de 2011. Foi gravado por uma câmara oculta na residência do blogueiro, na Asa Norte. Em diversos momentos, Onofre demonstra estar insatisfeito por não ocupar a direção-geral da Polícia Civil e chega a chamar a então diretora, Mailine Alvarenga, de "empregada doméstica". Nos bastidores, ele tentava emplacar a própria nomeação para substituir Mailine, o que acabou ocorrendo só depois de cinco meses.

Interlocutor Os irmãos Galdino Lima deixam o local e saem de cena 10 minutos antes do fim do vídeo. A partir de então, os delegados ficam mais à vontade. Onofre diz aos amigos ter procurado um interlocutor chamado Cláudio para cobrar a nomeação do governador. "Eu liguei para o Buchinho hoje e falei: "Quando o seu governador tiver saindo do camburão da Polícia Federal e eu estiver aposentado e vendo, eu só vou falar: pede a diretora para tirar ele (sic)"", disse o delegado.

Em outro momento, Onofre fala sobre as denúncias veiculadas na época contra Agnelo Queiroz. "Vem o primeiro processo, Polícia Federal, Ministério Público, pá, um processo, pá, outro, pá, outro. Sabe o fim dele qual é? Renúncia", diz. Logo depois, ele faz uma comparação do governador a um delegado corrupto, que só é desmascarado após crescer na carreira. "O problema do Agnelo foi esse. Enquanto ele era um deputado federal e ficava só no periférico, tudo bem. Foi para o Ministério do Esporte, já...", disse . "Quando o cara ganha poder fica cego", completou Mauro Cézar. (RT)