BNDES tratará JBS ‘com rigor’, diz novo presidente

Idiana Tomazelli / Mariana Sallowicz / Vinicius Neder

02/06/2017

 

 

Governo deu a Rabello de Castro missão de agilizar as análises de pedido de crédito e focar na pequena empresa; tom de discurso de posse foi de otimismo

 

 

O novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro, afirmou, ontem, ao tomar posse, que vai tratar o frigorífico JBS com o ‘rigor que o controlador merece’ e com o ‘carinho que o empregado merece’. Ele ressaltou que o banco possui ‘critérios rigorosíssimos’.

Após operações que somam R$ 8,1 bilhões, o BNDES possui cerca de 20% do capital da JBS.

As operações são investigadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pela Operação Bullish, da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Rabello de Castro descartou vender participações do banco na companhia.

O economista sucede Maria Silvia Bastos Marques, que pediu demissão na semana passada em meio a um momento crítico vivido pelo banco de fomento.

A Operação Bullish envolveu conduções coercitivas de funcionários, prática duramente criticada pela ex-presidente, e lançou suspeitas sobre os mecanismos adotados pelo banco na concessão de empréstimos.

O economista rebateu críticas à gestão anterior, que era alvo de fogo amigo até entre integrantes do governo. Rabello afirmou que não é verdade que Maria Silvia tenha retido o crédito da instituição de fomento e frisou que a grande queda dos desembolsos do BNDES se deu entre o fim das eleições de 2014 e junho de 2016, quando a executiva assumiu o cargo. “A estatística chega a ser escandalosamente política”, disse Rabello de Castro.

Segundo o novo presidente do BNDES, Maria Silvia não pôde fazer a retomada por causa da fraca demanda por crédito para investir, mas agora a demanda já apresenta sinais de recuperação.

Rabello de Castro frisou que o índice de novas solicitações ao banco é positivo e disse que a equipe técnica do BNDES é “extraordinária”.

 

“É preciso recuperar DNA de fomento ao desenvolvimento”, afirmou Rabello de Castro, completando que é preciso olhar onde o BNDES é mais necessário e talvez até onde seja mais arriscado.

As metas no novo cargo são aprofundar a qualidade técnica dos projetos financiados, agilizar a análise dos pedidos de crédito e focar nos clientes, com destaque para os menores.

A orientação do governo para o mandato de Rabello de Castro foi deixada pública pelo ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira.

Um exemplo são as mudanças na plataforma do Cartão BNDES, voltado principalmente para pequenas empresas. “Temos de nos conter naquela sanha que todos os gerentes e todo servidor público têm, de estabelecer máximo de segurança para si”, disse Oliveira, para em seguida citar que “controles e segurança serão reforçados, mas sem perder de vista o cliente”.

Mais cedo, Rabello de Castro foi evasivo ao dizer o que fará de diferente. “Não sei nem o que farei igual, quanto mais diferente”, disse.

Em todos os discursos, Rabello de Castro manteve tom de otimismo.

Na cerimônia, afirmou ser “petulância” e “prepotência” dizer que estamos em crise.

 

Cerimônia. Na posse, Rabello disse ser ‘petulância’ e ‘prepotência’ dizer que País está em crise

 

Sem choro

“Espero que não haja mais reclamações de empresários. O meu compromisso é que havendo demanda haverá oferta.” “

 

Não sei nem o que farei igual, quanto mais diferente.”

Paulo Rabello de Castro

PRESIDENTE DO BNDES

 

 

O Estado de São Paulo, n. 45153, 02/06/2017. Economia, p. B5.