Coluna do Estadão

Andreza Matais e Marcelo de Moraes

08/06/2017

 

 

Receita apura denúncia de corrupção no órgão

A Receita Federal instaurou processo disciplinar para apurar denúncia feita por delator da JBS de que a empresa pagou propina em troca da liberação de créditos tributários. A investigação já produziu resultados. Um servidor que há anos era o único responsável por cuidar das demandas da JBS foi afastado da função. O nome é mantido sob sigilo porque a sindicância está em curso. A próxima pergunta a ser respondida é se ele agia sozinho ou em parceria com outros servidores. Na delação, a JBS não deu maiores detalhes do esquema.

Tá explicado. O servidor que teria se corrompido já estava sob observação dentro da Receita. Os carros importados que ele usa chamaram a atenção.

Um ou outro. Uma dúvida é se o servidor cobrava propina para agilizar a liberação dos créditos tributários ou se a JBS é quem o corrompeu para que passasse seus processos na frente.

Pode piorar. Se ficar comprovado que partiu do servidor o pedido de propina, a tese levantada na Receita de que outras empresas podem ter sido achacadas pelo servidor ganha força.

Verdades. Chegou para o Planalto a informação de que a FAB iria desmentir, se demandada pela imprensa, a versão oficial de que o presidente e sua família viajaram em uma de suas aeronaves para a Bahia em 2011.

Foi quase. O choque entre a FAB e o Planalto foi evitado com o recuo da assessoria do presidente, que ontem admitiu o uso de aeronave particular do empresário Joesley Batista.

City Tour. A informação de que Temer recebeu Joesley Batista no porão do Palácio do Jaburu irrita tanto o presidente que ele tem levado todos que o visitam em casa para conhecer o local e mostrar que não se trata de nenhum esconderijo.

'Modéstia... Em pouco menos de 4 horas de sessão do TSE ontem, Gilmar Mendes interrompeu seus colegas 28 vezes, a maioria quando Herman Benjamin falava.

...às favas’. O relator do processo que pode cassar Dilma-Temer reagiu: “Vossa Excelência sempre me interrompe bem”, disse, na sétima intervenção. Nem sabia que a cena se repetiria mais 21 vezes.

Silêncio. Assessores de Temer estão intrigados com a indiferença de Rodrigo Janot com a contratação do ex-procurador Marcelo Miller pela banca de advocacia Trench Rossi Watanabe.

Chamativo. Miller era uma das estrelas da PGR, que investigava a JBS em várias operações. O Trench Rossi Watanabe, para onde se transferiu, tornou-se o escritório da JBS.

Script. Uma linha do tempo mostra coincidência de datas entre a saída de Miller e a produção de provas contra Temer pela JBS.

CLICK. Com a temperatura política elevada, a Câmara montou dentro do plenário da Casa um estande para medir a pressão dos deputados que passam pelo local.

Fica aqui. Em março, o ministro Edson Fachin acolheu pedido para prorrogar o inquérito que investiga no STF suposta tentativa de Dilma Rousseff e Lula de obstruir a Justiça.

Jabuticaba. Lula e Dilma não têm mais prerrogativa de foro, o que levou ministros a dizerem que Fachin inaugurou o “meio foro”. O pedido partiu da PGR.

De confiança. O procurador Ângelo Goulart, preso acusado de se vender para a JBS, colheu depoimento de Paulo Roberto Costa para a ação que pode cassar Dilma- Temer no TSE.

PRONTO, FALEI!

LUIZ FUX

“Se em 200 páginas a pessoa não consegue se defender, então era inesgotável a necessidade dessa ampla defesa”, sobre tese de advogados da chapa Dilma-Temer. Vice-presidente do TSE e ministro do Supremo

 

O Estado de São Paulo, n. 45159, 08/06/2017. Política, p. A4