Título: Teste para os nervos
Autor: Mariz, Renata ; Mascarenhas, Gabriel
Fonte: Correio Braziliense, 09/02/2012, Política, p. 2

Há tempos o governo federal não se mostra tão preocupado com uma greve de policiais militares. O medo é de que o movimento dos policiais se alastre por todo o país. Vários estados já estão em alerta, caso do Rio de Janeiro, por exemplo. Assim, a categoria que, sempre é bom lembrar, está armada para proteger a população, usa essas mesmas armas para pressionar o estado a cumprir suas reivindicações.

Uma delas, por exemplo, não vai sair. Enquanto houver greve, não terá espaço no parlamento para discutir a Proposta de Emenda à Constituição que estabelece os vencimentos mínimos dos policiais e bombeiros de todo o país em R$ 3,5 mil — a chamada PEC 300.

Entre os congressistas e os governadores, há um acordo explícito para que votações e nem reajustes saiam do papel por conta das greves. Nos executivos estaduais e federal, há a certeza de que, no momento em que os estados cederem aos policiais, será difícil evitar que os demais militares, aqueles encarregados da Defesa Nacional — Exército, Marinha e Aeronáutica — pressionem por salários mais elevados.

E, para não chegar a esse ponto, avaliam ministros e assessores palacianos, os governadores dos estados têm que ter muita paciência e negociar uma saída honrosa para os policiais sem o cumprimento de todos os reajustes desejados. É esse o desafio.