Cármen: ‘Quero mudar o Brasil; não me mudar’

16/08/2017

 

 

Presidente do STF nega votação para rever prisão em segunda instância

Também presente a um evento promovido pela rádio “Jovem Pan" ontem em São Paulo, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia disse acreditar que o Brasil pode vencer a corrupção e defendeu uma mobilização da sociedade para atingir esse objetivo. A ministra citou como exemplo a campanha contra a fome feita nos anos 1990 pelo ativista Herbert de Souza, o Betinho, e propôs uma “Ação da Cidadania contra a Corrupção".

— Quero mudar o Brasil; não quero me mudar do Brasil — afirmou Cármen.

Depois de sua palestra, Cármen comentou uma declaração dada pelo juiz Sérgio Moro, que manifestou preocupação com “movimentações” para alterar a prisão de condenados após a sentença de segunda instância. Segundo ele, o cumprimento da pena já a partir do segundo julgamento é “essencial para a efetividade da Justiça criminal”. A ministra disse que não há, na pauta da Corte, nenhuma votação que possa alterar esse precedente.

Tratando a corrupção como algo que “corrói as instituições, deteriora a política e descontrola a economia", além de fator de “destruição institucional", Cármen defendeu a ética como uma imposição, e não uma escolha da sociedade, de modo que a “honestidade seria um dever de todos nós.”

Ela citou o comportamento de quem busca “tirar vantagem em tudo’’ — seja ao furar uma fila ou pagar propina a agente público — como expressão da “negativa da solidariedade com o outro”.

— É preciso plantar e colher um Brasil ético e solidário. Estamos todos no mesmo barco. Se der certo, chegaremos a um bom porto, se der errado, afundaremos todos nós — afirmou.

 

MORO CANDIDATO

Alegando não ter perfil para encarar o mundo político, o juiz Moro voltou a descartar ontem qualquer candidatura sua à Presidência em 2018.

— Não serei candidato. Fiz minha opção pela magistratura. Penso que é preciso ter um certo perfil (para entrar na política) e, sinceramente, não me vejo com esse perfil. A profissão política é das mais belas. Há muitos bons políticos.

O magistrado ainda criticou a redução do efetivo da Polícia Federal na Lava-Jato.

 

STF RETIRA DE MORO TRECHOS DE DELAÇÕES SOBRE LULA

Ex-presidente foi citado em depoimento de executivos na delação da JBS glo.bo/2w87REe

O globo, n.30690 , 16/08/2017. PAÍS, p. 5