Título: França promete reação
Autor: Ribas, Silvio
Fonte: Correio Braziliense, 15/01/2012, Economia, p. 15

Primeiro ministro diz que o país "fará tudo" para ter de volta a nota de crédito máxima. Chanceler alemã quer apressar aperto fiscal » Um dia após o rebaixamento pela agência norte-americana Santard & Poor"s (S&P) das notas de crédito de nove países da Zona do Euro, a França avisou que vai tomar as medidas necessárias para ter de volta a classificação máxima (AAA).

"Vamos fazer de tudo para recuperá-la", disse o primeiro ministro François Fillon. Ele reconheceu que o país, segunda maior economia do bloco, vinha nos últimos anos praticando uma política fiscal insuficiente para garantir a confiança irrestrita dos investidores dentro da pior crise desde os anos 1930.

Além do rebaixamento das notas, que deve encarecer a rolagem das dívidas dos países afetados, a sexta-feira 13 foi de particular azar para o líder francês Nicolas Sarkozy, a apenas 100 dias das eleições presidenciais. Para piorar, no mesmo dia fracassou a tentativa do governo da Grécia de fechar acordo com bancos credores para reduzir a dívida em 50%, um corte de 100 bilhões de euros.

Principal defensora do caminho da austeridade para superar a crise de endividamento no continente, a chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou que a notícia reforça a urgência de a Europa apertar as regras fiscais e estabelecer novo fundo de resgate dos países fragilizados. "Temos o desafio de implementar um acordo fiscal ainda mais rapidamente e fazer isso de forma decidida, sem tentar atenuar a questão", alertou, durante reunião política em Kiel, norte da Alemanha.

"Também trabalharemos para colocar em operação o mecanismo de estabilidade permanente (MEP) assim que possível. Isso é importante para a confiança do investidor", acrescentou. Merkel disse que o rebaixamento não foi surpresa "dadas as discussões das últimas semanas", mas ressaltou que se trata "só de uma das três" grandes agências de classificação. A Alemanha manteve a graduação máxima AAA.

A líder alemã disse que o rebaixamento das notas soberanas não deve afetar a operação do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (Feef), o atual mecanismo de resgate, que será substituído pelo MEP em prazo ainda não definido. Para analistas, o Feef também deve perder em breve o chamado triplo A, mas, segundo Merkel, o fundo não requer mudanças. "As tarefas dos próximos meses podem ser cumpridas com os métodos atuais. Os juros para certos títulos já tinham subido", comentou.

Protesto Enquanto alguns proveitam a notícia ruim para cobrar mudanças, outros acusam a S&P de ser injusta. Na Áustria, que também perdeu a nota máxima, o presidente do Banco Central, Ewald Nowotny, afirmou que o rebaixamento não terá efeitos imediatos, pois as outras duas grandes agências (Fitch e Moody"s) ainda dão AAA ao país. Na Espanha, cuja nota caiu dois níveis, o primeiro-ministro Mariano Rajoy pediu reformas em todas as nações da União Europeia (UE). "O governo sabe o que é preciso fazer para melhorar a reputação espanhola, para crescer e criar empregos", declarou durante reunião do Partido Popular. Ele defenderá essa política de austeridade na cúpula europeia de 30 de janeiro. "Vou dizer que não podemos gastar o que não temos, que é preciso controlar o deficit", declarou.