O Estado de São Paulo, n. 45182, 01/07/2017. Política, p. A7

 

Tucano poderá retomar a presidência do PSDB

Pedro Venceslau e Renan Truffi

01/07/2017

 

 

Decisão de Marco Aurélio Mello cria embaraço dentro do partido, que já discutia convenção nacional para eleger nova Executiva e retirar mineiro do posto

ENVIADO ESPECIAL / SÃO PAULO

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de permitir ao senador Aécio Neves (MG) retomar as atividades parlamentares criou uma situação embaraçosa no PSDB. O partido já discutia a antecipação de uma convenção nacional com o objetivo de eleger uma nova Executiva para retirar o mineiro do posto. Agora, afirmam os tucanos, Aécio pode reassumir a presidência do partido.

“O afastamento do senador foi uma decisão voluntária. Ele que indicou o (senador) Tasso (Jereissati) para o lugar dele. Portanto, se ele quiser voltar, essa é uma decisão pessoal”, disse o secretário-geral do PSDB, o deputado Silvio Torres (SP).

O Estado/Broadcast apurou que Tasso, presidente interino do partido, aguarda uma sinalização de Aécio para saber o que ele vai fazer. Isso porque, segundo a cúpula partidária, não há nenhum procedimento formal ou burocrático que impeça o senador mineiro de reassumir, imediatamente, suas funções no comando da sigla.

De acordo com pessoas próximas a Aécio, ele voltará ao Senado disposto a sair da defensiva, reconstruir seu capital político e defender as reformas trabalhista e da Previdência. Aliados reconhecem, no entanto, que dificilmente ele reassumirá a posição de liderança e interlocução que tinha antes de ser afastado do cargo pelo Supremo.

Disputa interna. Mesmo assim, o grupo político do senador mineiro viu na decisão do ministro do Supremo Marco Aurélio Mello o argumento que faltava para tentar enterrar a ideia de antecipar para o segundo semestre a convenção nacional tucana que deveria ocorrer em maio do próximo ano.

A situação acirrou a disputa entre paulistas e mineiros no partido. Próximo ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, Silvio Torres afirmou que o retorno de Aécio ao Senado não impede o partido de pedir a antecipação das eleições internas.

“Seja qual for a decisão do Aécio, defendo uma antecipação da convenção nacional”, disse o secretário-geral.

Essa também é a proposta do prefeito de São Paulo, João Doria, e de Alckmin: realizar convenções municipais, estaduais e nacionais consecutivas a partir de agosto, uma a cada mês.

Representação. Além disso, os tucanos de São Paulo querem alterar a atual composição da Executiva nacional para que governadores e prefeitos da legenda também tenham seus representantes na direção partidária.

“Essa decisão do Supremo é tão importante que, dentro do partido, acaba com essa história de falar em convenção. Ele pode até continuar como presidente licenciado porque, obviamente, deve focar na sua defesa, mas é um senador da República do qual nos orgulhamos”, declarou o deputado federal Domingos Sávio (MG).

Aécio recebeu a notícia da decisão de um assessor, quando estava com sua família, em Brasília. Ao longo do dia, o senador recebeu ligações dos principais quadros do partido.

No cenário traçado por “aecistas”, Tasso assumiria o comando do PSDB em caráter definitivo no segundo semestre, mas o restante da executiva só seria substituído em maio do ano que vem.

Já O governador de Goiás, Marconi Perillo, que é alinhado ao governador de São Paulo, passaria a comandar a presidência tucana em 2018 e coordenaria o processo eleitoral.

- Racha

“Essa decisão é tão importante que acaba com essa história de falar em convenção.”

Domingos Sávio

DEPUTADO (PSDB-MG)

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Justiça abre nova ação contra cartel dos trens em SP

Bruno Ribeiro e Luiz Vassalo 

01/07/2017

 

 

O juiz Fábio Aguiar Munhoz Soares, da 17.ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, recebeu ontem a denúncia do Ministério Público Estadual contra o ex-presidente da CPTM Manuel Seabra Rodrigues Bandeira, outros três dirigentes da companhia, além de 11 empresários por suspeita de integrar o cartel de trens de São Paulo. Eles são acusados de crimes contra a ordem econômica e fraudes em licitações.

A Promotoria alega que os contratos eram superfaturados em 20% e que o sobrepreço estimado é da ordem de R$ 538 milhões, em seis contratos de 2012. O Ministério Público sustenta que as empresas supostamente buscavam “dividir o objeto do contrato e, portanto, o mercado e o preço final fraudulentamente superfaturado, direcionando as licitações para saber previamente qual empresa seria a vencedora”.

A denúncia detalha a atuação de 11 representantes das empresas Construcciones Y Auxiliar de Ferracarriles S.A, Trail Infraestrutura Ltda (CAF), Temoinsa do Brasil Ltda. e MGE – Equipamentos e Serviços Ferroviários Ltda (Progress Rail).

Em nota, a CPTM disse que o “suposto superfaturamento apontado pelo MP é decorrente de análise sobre valores equivocados”. Já a Trail afirmou que não houve superfaturamento. “Ao contrário, foram concedidos descontos médios de 30% nos preços orçados pela CPTM. As reportagens apontam graves equívocos na denúncia.”

A CAF declarou que “não comenta contratos em andamento, e reafirma que sempre atuou estritamente dentro da legislação brasileira.” A reportagem não conseguiu contato com a empresa Temoinsa.