O Estado de São Paulo, n. 45186, 05/07/2017. Política, p. A7.
Geddel é ‘criminoso em série’, diz Procuradoria
Fausto Macedo / Fabio Serapião / Julia Affonso / Luiz Vassallo / Dida Sampaio
05/07/2017
PRESIDENTE ACUSADO /MPF alega que prisão é ‘necessária para interromper continuidade delitiva’; ex-ministro de Temer foi levado para penitenciária da Papuda
O ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima voltou ontem para a capital federal, mas agora foi direto para a Penitenciária da Papuda. Preso anteontem, o aliado do presidente Michel Temer foi chamado de “criminoso em série” pelo Ministério Público Federal (MPF).
Geddel foi detido em Salvador sob suspeita de obstruir investigações da Operação Cui Bono? e tentar impedir que o corretor Lúcio Funaro e o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) façam acordo de delação com o MPF.
No pedido de prisão preventiva enviado à Justiça, os procuradores sustentam que o ex-ministro é um “criminoso em série” e personagem de um “quadro perturbador de corrupção sistêmica”.
Eles dizem ainda que a prisão é “necessária para interromper a continuidade delitiva”. O que reforçou as suspeitas dos investigadores contra o ex-ministro de Temer foram as ligações de Geddel para o celular da mulher de Funaro, que está preso também na Papuda desde julho de 2016.
“Carainho”, como Geddel é identificado no celular de Raq u e l Funaro, estaria interessado em saber se o corretor está disposto a colaborar com as autoridades.
Procuradoria. Segundo o MPF, “o aprofundamento dos indícios descobertos com a análise do conteúdo armazenado no aparelho telefônico apreendido permitiu aos investigadores constatar intensa e efetiva participação de Geddel no esquema criminoso”.
De caráter preventivo, a prisão teve como base os depoimentos de Funaro, do empresário do Grupo J&F Joesley Batista e do diretor jurídico da holding, Francisco de Assis e Silva. A Justiça também autorizou a quebra de sigilos fiscal, postal, bancário e telemático do ex-ministro.
A defesa de Geddel vê “incompreensão” na prisão, a que classificou como “absolutamente desnecessária”. Os advogados ainda disseram que “Joesley foi enérgico em pontuar que jamais pagou propina (ou qualquer tipo de vantagem indevida) ao senhor Geddel Vieira Lima”.