Ministério Público apresenta 11ª denúncia contra Cabral

Cláudia Schüffner

29/06/2017

 

 

A força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) responsável pela Lava-Jato no Rio apresentou ontem a 11ª denúncia contra o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) no Rio. Cabral, que está preso desde novembro, é réu em vários processos no Rio e também tem uma condenação dada pelo juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba.

Foram denunciados também o empresário Marco de Luca, por corrupção ativa e organização criminosa e os operadores Carlos Miranda e Carlos Bezerra. Cabral, Miranda e Bezerra são acusados de corrupção passiva. Até o fechamento dessa edição, não era possível saber se a denúncia foi aceita pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro.

Além de denunciar os três, o Ministério Público requer o pagamento de pelo menos R$ 16,7 milhões para reparar danos materiais e outros R$ 33,4 milhões por danos morais coletivos.

Nas 139 páginas da denúncia Marco de Luca é acusado de pagar R$ 16,7 milhões em propinas a Cabral entre 2007 e 2016 por contratos com o governo do Rio. Foram contabilizados 82 pagamentos mensais a Miranda e Bezerra, no valor aproximado de R$ 200 mil. Segundo anotações encontradas na agenda de Bezerra apreendida na Operação Calicute, de Luca recebeu codinomes como "Louco", "De Louco", "Crazy", "De Lucca", "De Loucco".

O empresário, que está preso, é sócio e administrador da empresa Masan Serviços Especializado, que tem alguns dos maiores contratos com o governo do Rio. Ela fornece merenda escolar e alimentação aos detentos. Segundo o MPF, as investigações feitas após a Operação Ratatouille mostraram que outra empresa ligada ao empresário, a Comercial Milano Brasil, teve o que os procuradores consideram uma "vertiginosa relação contratual" com o Estado do Rio de Janeiro nos últimos 10 anos.

No caso da Masan, os contratos foram de R$ 2,2 bilhões e com a Milano chegaram a R$ 409 milhões. Além da prestação de serviços de alimentação, também existem contratos com o Fundo Estadual de Saúde, a Polícia Civil, o Fundo Especial da Polícia Militar, Departamento Geral de Ações Socioeducativas, e com a Secretaria de Educação e Administração Central, entre outros.

 

 

Valor econômico, v. 17, n. 4286, 29/06/2017. Política, p. A9.