Título: Conflitos agrários
Autor: Mariz, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 15/01/2012, Brasil, p. 8

Apontada como a terceira cidade mais violenta do país, Marabá, a 510km de Belém, tem problemas além do tráfico de drogas. "Os crimes encomendados, de pistolagem, também continuam ocorrendo aqui.

Estamos em uma região de muita riqueza mineral, que incentiva atividades agroindustriais e, ao mesmo tempo, provoca conflitos", explica o coronel Antonio Araújo, da Secretaria de Segurança Institucional do município. De acordo com ele, a presença de um Instituto de Medicina Legal (IML) que atende a toda a região pode ter inflado os números dos homicídios registrados no Mapa da Violência, de 120,5 por 100 mil habitantes. "Não que a situação esteja boa aqui. Conseguimos reduzir os índices de criminalidade, mas ainda há muito o que fazer", destaca Araújo.

Em Guaíra (PR), quarta colocada no ranking com 112,8 homicídios por 100 mil habitantes, um terço dos assassinatos está ligado ao contrabando. Fronteira com Salto del Guairá, no Paraguai, e Mundo Novo, em Mato Grosso do Sul, a cidade também sofre com o roubo de cargas. Diferentemente de outros municípios, porém, a violência não chegou diretamente à população.

"O cidadão de bem não tem medo de sair à rua. A criminalidade ocorre entre grupos que praticam as atividades ilícitas. Quando um rouba o outro, há acerto de contas. Além disso, traficantes de drogas que se evadem de cadeias na fronteira acabam vindo para cá. Estamos a 10 minutos de barco pelo Rio Paraná do Paraguai, os problemas se misturam", diz José Carlos Guglielmetti, delegado em Guaíra.

Fronteira Jacobo observa que a violência em cidades fronteiriças ou na Região Amazônica provavelmente já existia há algum tempo. "Pode ser que, só agora, começamos a percebê-la e notificá-la", afirma o pesquisador. Da mesma forma, segundo ele, as consequências do turismo predatório estão tomando proporções gigantescas, ao ponto de saírem da invisibilidade. "São geralmente áreas marítimas, que atraem população de fim de semana, com presença de muita bebida, droga, especulação imobiliária", afirma Jacobo. A hipótese é de que Porto Seguro, apontada no Mapa da Violência como a quinta pior cidade em termos de homicídios, padeça de tais problemas. O delegado Evy Paternostro, destacado pela Secretaria de Segurança da Bahia para dar entrevista, não retornou os contatos da reportagem. (RM)