Troca de presidência de Furnas sai de pauta na Eletrobras

Cláudia Schüffner

03/07/2017

 

 

O conselho de administração da Eletrobras tirou da pauta da reunião realizada sexta-feira a troca do atual presidente de Furnas, Ricardo Medeiros. A informação da indicação do atual diretor de administração Júlio Cesar Andrade para a presidência da subsidiária da Eletrobras, que teria sido feita para atender ao PMDB mineiro, publicada pelo Valor, causou "um grande desconforto" no conselho, como informou a fonte, que pediu para ter o nome preservado.

Além da substituição de Medeiros, o conselho votaria a recondução da atual diretoria de Furnas. Fonte ouvida pelo Valor disse que o conselho "não iria admitir uma decisão que dava o fato como certo, vindo de Brasília".

O nome proposto para ocupar a vaga de Júlio Andrade, que foi indicado pelo senador Romário (Podemos-RJ) para a diretoria de Administração, era o de David Antonio Moreira, um ex-assessor da diretoria que teria sido investigado por má-conduta.

Com a retirada de todas as decisões sobre Furnas da pauta da reunião, a recondução foi adiada e pode nem acontecer.

Todos os temas relacionados a Furnas, subsidiária mais importante do grupo Eletrobras, saíram da pauta e não há informação de como o impasse será solucionado dada a má recepção dos nomes.

A notícia da indicação de Andrade foi antecipada pelo Valor PRO , serviço de notícias em tempo real no domingo, dia 25. Na segunda-feira, o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, confirmou a proposta de mudança da diretoria de Furnas no conselho, lembrando que os nomes agora precisam passar por análise de integridade.

Na sexta-feira, o Valor informou que a intenção de nomear Andrade para a presidência de Furnas também era de interesse do presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), o que piorou o clima no conselho de administração da Eletrobras, presidido pela economista Elena Landau, ex-diretora de Desestatização do BNDES no governo FHC.

Pacheco negou na sexta-feira ter interesse em fazer indicações para Furnas. O parlamentar mineiro irá conduzir o início da tramitação da denúncia contra o presidente Michel Temer por crime de corrupção passiva, apresentada pela Procuradoria-Geral da República.

O próprio Ricardo Medeiros foi indicado pela bancada mineira do PMDB da Câmara com o aval do vice-governador de Minas Gerais, o também peemedebista Antonio Andrade. Ele voltou para a estatal em abril de 2016, depois de ter se aposentado em 2013 depois de trabalhar por 31 anos. O cargo era o de diretor de Operação e Manutenção, e em julho foi indicado interinamente para a presidência com a saída de Flávio Decat depois do impedimento da ex-presidente Dilma Rousseff.

Na ocasião, Medeiros negou indicação política e disse foi escolhido pelo Ministério de Minas e Energia com base no seu perfil técnico.

 

 

Valor econômico, v. 17, n. 4288, 03/07/2017. Política, p. A7.