“Policiais fazem greve e colocam a comunidade numa situação de vulnerabilidade e medo” Raul Jungmann Ministro da Defesa

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, anunciou ontem o envio de tropas das Forças Armadas para o Rio Grande do Norte. Foi publicado decreto do presidente Michel Temer autorizando uma ação de Garantia de Lei e Ordem (GLO) por 15 dias. Segundo Jungmann, ainda ontem, 500 homens das Forças Armadas já iriam atuar no patrulhamento das ruas das regiões metropolitanas de Natal e Mossoró. Jungmann informou que em 48 horas o número de militares no Rio Grande do Norte chegará a dois mil. Esta será a terceira vez em dois anos que o governo federal envia agentes das Forças Armadas ao Rio Grande do Norte para conter crises na segurança pública. Em agosto de 2016, cerca de 1.200 militares chegaram a Natal para frear uma onda de ataques criminosos no estado. Os agentes permaneceram no RN durante 21 dias. Cinco meses depois, em janeiro, 1.800 foram enviados para patrulhar as ruas da Região Metropolitana da capital depois que a rebelião na Penitenciária Estadual de Alcaçuz provocou ataques entre integrantes de facções criminosas fora do presídios. A ação durou 16 dias.

Ontem, Jungmann afirmou que a GLO poderá ser prorrogada, reiterando que as Forças Armadas só deixarão o estado quando a segurança estiver restabelecida. O ministro afirmou que vai hoje a Natal, onde permanecerá durante o réveillon, como demonstração de solidariedade aos militares que participarão da operação. — Pretendo me deslocar para Natal. Deverei fazê-lo amanhã (hoje) cedo, para diretamente tomar conhecimento e participar das atividades de planejamento e coordenação. Mas quero informar que decidi permanecer em Natal durante o réveillon. Esse é um gesto simbólico de solidariedade àqueles rapazes que vão deixar suas famílias, suas esposas, seus filhos. Esses rapazes que ganham mal têm compromisso com o Brasil, com a vida das pessoas. Eles vão garantir, inclusive, a vida dos familiares dos policiais que se encontram aquartelados. Eles estão do lado de um Brasil que quer ordem, respeito e compromisso — disse o ministro.

Jungmann criticou o fato de policiais militares do RN estarem aquartelados por falta de pagamento. O ministro disse reconhecer que há uma responsabilidade do estado pelo atraso, mas cobrou compromisso dos policiais com o juramento feito ao entrar na corporação. Segundo o “Jornal Nacional”, da TV Globo, foram registrados cerca de 450 roubos e arrombamentos durante os dez dias de greve dos policiais. — Temos que fazer uma discussão se forças policiais podem ou não fazer greve. Pela lei não pode, mas na prática fazem e colocam a comunidade numa situação de vulnerabilidade e medo. Entendemos as necessidades e vicissitudes e a situação de quem fica sem salário para sobreviver. Há uma responsabilidade dos estados, mas lei é lei e tem de ser cumprida — declarou Jungmann. Além dos militares das Forças Armadas, cerca de 190 homens da Força Nacional de Segurança, segundo o ministro, reforçam a atuação no Rio Grande do Norte. Cento e vinte agentes já estavam no estado. No último dia 22, outros 60 homens foram enviados e, anteontem, o Ministério da Justiça confirmou o envio de mais 30 integrantes da Força Nacional. Ontem, o governador do RN, Robinson Faria (PSD), afirmou, no Twitter, que vai apresentar, no início de janeiro, medidas a serem adotadas contra a crise.