O globo, n.30815 , 19/12/2017. PAÍS, p. 3

Pasadena é alvo de denúncia na Lava-Jato pela primeira vez

19/12/2017

 

 

Ex-senador Delcídio Amaral e mais 10 pessoas são acusadas de corrupção e lavagem de dinheiro

A força-tarefa da Lava-Jato denunciou o ex-senador Delcídio Amaral e mais dez pessoas por corrupção e lavagem de dinheiro em razão da compra da refinaria de Pasadena, no Texas, pela Petrobras, em 2005. Essa é a primeira vez na Lava-Jato que o contrato de Pasadena é alvo de denúncia. De acordo com os procuradores, a empresa belga Astra Oil realizou pagamentos de US$ 17 milhões em propina a ex-funcionários da Petrobras e ao ex-senador petista. Segundo as investigações, a Petrobras pagou um valor à Astra Oil muito superior ao valor real da refinaria. No documento enviado ao juiz Sergio Moro, o Ministério Público Federal (MPF) afirmou que, em 2002, a Petrobras contratou uma empresa de consultoria para a análise detalhada das condições de diversas refinarias americanas. “Ao final dos trabalhos, (a consultoria) apresentou à Petrobras, no ano de 2002, um ranking geral das refinarias, classificando-as com base nesses critérios técnicos detalhados. Nesse estudo técnico minucioso, dentre as 25 refinarias avaliadas, a de Pasadena foi classificada em 21º lugar, deixando bastante evidente que não se tratava de um bom negócio para a Petrobras", afirmaram os procuradores. Além de Delcídio, foram denunciados os operadores financeiros Raul Davies, Jorge Davies e Gregório Marin Preciado, o ex-vice-presidente da Astra Oil, Alberto Feilhaber, e os ex-funcionários da estatal Luis Carlos Moreira, Carlos Roberto Martins Barbosa, Cezar de Souza Tavares, Rafael Mauro Comino, Agosthilde Monaco de Carvalho e Aurélio Oliveira Telles.A denúncia afirma que, em 2005, o executivo da Astra Oil, Alberto Feilhaber, combinou uma propina de US$ 15 milhões com Luis Moreira, que ocupava o cargo de gerente executivo da Diretoria Internacional da Petrobras. Em troca, a Astra Oil receberia vantagens no processo de compra de 50% da refinaria pela Petrobras. (*Estagiário, sob supervisão de Flávio Freire)