O globo, n.30815 , 19/12/2017. PAÍS, p.6

MP QUER CABRAL EM BANGU

19/12/2017

 

 

 
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) pediu ontem à Justiça a transferência do ex-governador Sérgio Cabral para o Complexo de Gericinó, em Bangu. Cabral, o diretor da Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, Fábio Ferraz Sodré, e outros três funcionários do presídio de Benfica foram denunciados na investigação sobre a instalação de um cinema na cadeia onde estão o peemedebista e os demais presos da Lava-Jato no Rio. Cabral é acusado de falsidade material e ideológica, enquanto o diretor do presídio, além destes dois crimes, também é acusado de coação. No fim de outubro, a cadeia de Benfica receberia equipamentos de TV, DVD e home theater, que teriam sido doados pela Igreja Batista do Méier. A doação foi suspensa depois que três voluntários da igreja que assinaram o termo de doação afirmaram ter sido enganados. A denúncia assinada pelo promotor Cláudio Calo Souza diz que os membros da igreja assinaram o documento “de boa fé" e que “foram nitidamente ludibriados pela má-fé e poder de persuasão do preso e político Sérgio Cabral". Para o MP-RJ, Sérgio Cabral “tem controle total da Cadeia José Frederico Marques". A Justiça do Rio ainda se pronunciará se aceita ou não a denúncia. O advogado de Cabral, Rodrigo Roca, afirmou que “a denúncia é inconsistente e o pedido de transferência não tem base legal. Além disso, eventual acolhimento do pedido conflitaria com decisão liminar do STF sobre o tema”, lembrando que o STF já negou pedido anterior de transferência.

 

A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) informou que ainda não foi notificada do pedido do MP-RJ. Ainda ontem, Cabral deu seu 10º depoimento ao juiz Marcelo Bretas, na 7ª Vara Federal Criminal do Rio, desta vez no processo em que é acusado de lavagem de dinheiro com auxílio da empreiteira FW Engenharia. Cabral admitiu que pediu a Flávio Werneck, dono da empreiteira e seu amigo de infância, que fizesse obras em imóveis pertencentes a Susana Neves, sua ex-mulher. Até aqui, a linha de defesa do ex-governador tem sido dizer que se aproveitou de sobras de doações eleitorais via caixa dois em benefício próprio. Embora a vantagem tenha sido dada diretamente pela FW Engenheria a uma parente de Cabral, sem passar pelo caixa de campanha, o ex-governador afirma que não se tratava de propina. Segundo o peemedebista, Werneck era um doador de suas campanhas, e ele solicitou ao amigo que custeasse as reformas em vez de doar os valores para a disputa eleitoral. Foram feitas reformas nos imóveis que Susana na Lagoa, em Araras e São João Del Rey. — Ele iria me ajudar na campanha e abri mão disso para ele me dar essa ajuda (das reformas) — disse Cabral.