O globo, n.30812 , 16/12/2017. PAÍS, p. 8

Marun assume articulação política e vai buscar apoio nos estados

 EDUARDO BARRETTO

LETICIA FERNANDES

16/12/2017

 

 

Ministro da Secretaria de Governo diz que não desidratará reforma previdenciária

“Essa é uma mudança que já estou decidido a fazer: organizar uma estrutura de diálogo com parlamentares” Carlos Marun Ministro da Secretaria de Governo

O novo ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, prometeu conversar mais com parlamentares, inclusive fora de Brasília. Ontem, depois de tomar posse, Marun declarou que o governo não aceitará desidratar a reforma da Previdência em pontos que combatam os “privilégios”. O ministro também disse que 37% da população apoia a reforma, mas sem detalhar essa pesquisa. — Nós temos uma proposta que tem por objetivo tornar a Previdência menos desigual e combater os privilégios no atual sistema previdenciário. Nada que contrarie esses pilares basilares da reforma será incluído nela — disse, emendando que parlamentares que quiserem diluir ainda mais a proposta devem garantir também os votos. De chegada à Secretaria de Governo, Marun prometeu intensificar diálogo com deputados e senadores. Ele cogitou até que representantes do ministério viajem a outros estados para fazer articulações. — Temos que ter uma estrutura que receba parlamentares. Aqueles que têm demanda que precisam ser equacionadas — prometeu, completando: — Essa é uma mudança que já estou decidido a fazer: organizar uma estrutura de diálogo com parlamentares. Terá um secretário. É possível que assessores trabalhem com regiões do país. No discurso de defesa para a aprovação da reforma previdenciária, Marun citou pontos de que o governo teve de abrir mão, como se fossem escolhas ou preocupações do Planalto com os mais pobres. — O trabalho rural foi retirado da reforma, inclusive nesse objetivo de não atingir os mais humildes — disse.

O demissionário Antonio Imbassahy causou burburinho na plateia ao brincar com a saúde do presidente Michel Temer, que passou por três operações — uma coronária e duas urológicas — nos últimos 45 dias, e havia acabado de ter alta do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, após procedimento para desobstruir a uretra. Temer estava com sonda urológica, que deverá portar pelas próximas três semanas. — O sentimento é de ter feito o melhor que pude. E até com certo alívio de ter o coração em bom estado depois de atravessar esses últimos dez meses praticamente morando no Palácio do Planalto, e com fins de semana no Palácio do Jaburu — disse Imbassahy, causando desconforto. Ele emendou: — Foi no início muito tenso, uma prova para o coração. Tanto que o amigo presidente, homem de bom coração, precisou recorrer a dois stents. Em tempo de reformas, fez reforma cardíaca para continuar a todo o vapor. Depois de ser operado pela terceira vez em 45 dias, o presidente Michel Temer recebeu alta do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, às 11h, e chegou a Brasília por volta das 13h. O presidente usará uma sonda por mais três semanas e teve de cancelar viagem que faria ao sudeste asiático no começo de janeiro por recomendação médica.

TEMER: MARUN SERÁ GIGANTE

Em seu discurso de posse, Marun disse que é agora um “soldado” de Temer. Marun enalteceu o presidente e também rasgou elogios ao seu sucessor, Antonio Imbassahy, que vinha sendo criticado pelos partidos da base. O peemedebista afirmou que, por acreditar no governo Temer, até abriu mão de tentar se reeleger no ano que vem. — Vejo no senhor um homem determinado a fazer, nesse momento, aquilo que o Brasil precisa. Por isso que hoje inclusive abro mão da minha reeleição para estar ao seu lado, se for vosso desejo, porque me sinto honrado de servir esse governo. Vossa Excelência para mim é a personificação da possibilidade de se fazer política com honra e dignidade — elogiou o novo ministro, que completou: — Por fim, afirmo que serei e sou, a partir desse momento, um soldado sob o vosso comando, em sua árdua luta para fazer com que nosso país seja um Brasil melhor para todos os brasileiros. Temer devolveu os afagos: declarou que Marun será um “gigante” na Secretaria de Governo.