JULIANA CASTRO
15/12/2017
Em seu 10º depoimento à Lava Jato, ontem, o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) admitiu ter recebido dinheiro da empreiteira Carioca Engenharia, que irrigaram o caixa dois de campanhas. Ao detalhar o esquema, o peemedebista pediu ‘desculpas’ pelo ‘caixa dois’ e por ter ficado com sobras dele para pagar despesas pessoais. — Esses recursos aí (retratados na denúncia) foram pegos na Carioca Engenharia para caixa dois. Peço desculpas à população de ter feito uso de caixa dois e de ter feito uso da sobra dele — disse Cabral, em depoimento ao juiz federal Marcelo Bretas, ao afirmar que teve “uma vida muito acima” do padrão de salário de um governador. Bretas perguntou se o peemedebista teria como provar que o dinheiro foi realmente gasto com caixa dois. — Isso implicaria em citar companheiros meus de todas as lutas políticas que realizamos ao longo dessa jornada — afirmou o ex-governador.
Os réus desse processo, entre eles os ex-secretários Wilson Carlos (Governo) e Hudson Braga (Obras), foram denunciados nesse processo por desvios em obras como o PAC Favelas, Arco Metropolitano e Linha 4 do Metrô, relatados em delações de funcionários da Carioca Engenharia. Cabral é acusado de receber da empreiteira R$ 39 milhões em propina. O Ministério Público Federal (MPF) aponta que houve formação de cartel, fraude na licitação e lavagem de dinheiro. O ex-governador disse no depoimento que não enriqueceu com as Olimpíadas no Rio: — Nós não aproveitamos a Olimpíada para ganhar dinheiro.
MOMENTO DE DESCONTRAÇÃO
Após alguns bate-bocas entre o ex-governador e o juiz Marcelo Bretas durante depoimentos anteriores, a audiência de ontem teve momentos de descontração. Cabral disse que cumpriu a promessa de torcer pelo Flamengo, time de Bretas, na final da Copa Sul-Americana, para que o Vasco fosse direto para a fase de grupos na Libertadores. O juiz também brincou com o peemedebista no momento em que Cabral reclamava de um estudo da Federação das Indústrias do Rio (Firjan). — Fico muito indignado quando vejo um estudo da Firjan vinculando crise do governo atual, quatro anos depois de eu ter saído, com esses assuntos aqui (relativos aos processos) — afirmou Cabral. Bretas, então, interrompeu: — Daqui a pouco, vai bater uma reclamação da Justiça eleitoral dizendo que eu estou deixando o senhor fazer campanha antecipada. A gente não pode entrar por esses assuntos, não.
EFEITO SÉRGIO CABRAL: UM ANO NA PRISÃO
Como as investigações da Operação Lava-Jato revelaram esquema de corrupção nos governos do peemedebista bit.ly/2AXOz3t