EDUARDO BARRETTO
LETICIA FERNANDES
THIAGO HERDY
15/12/2017
Por recomendação médica, o presidente Michel Temer cancelou a viagem que faria à Ásia, de 5 a 13 de janeiro do ano que vem. Ontem, os médicos pediram o adiamento da excursão por considerarem a viagem longa e com muitos eventos, já que passaria por quatro países. Na véspera, Temer foi operado para desobstruir a uretra. O presidente recebeu uma sonda para coleta de urina, que deverá usar por pelo menos três semanas. Temer testará dois tipos de sonda para ver qual terá melhor adaptação. A primeira a ser testada prevê uma bolsa coletora de urina presa à perna do presidente. A segunda, sem bolsa coletora, tem trajeto encurtado por uma tampa, que precisa ser regularmente higienizada. — A sonda coletora que fica na perna é melhor do ponto de vista médico. É bem tolerada, a pessoa veste uma calça, tem mobilidade normal e pode realizar todas as atividades — afirmou o urologista Miguel Srougi, responsável pelo atendimento ao presidente. O uso do equipamento motivou a decisão da equipe médica de aconselhar o presidente a cancelar a viagem ao Sudeste Asiático, que incluiria Vietnã, Cingapura, Timor Leste e Indonésia.
CONVERSAS AO TELEFONE
Os médicos Roberto Kalil e Miguel Srougi consideraram que a viagem seria muito cansativa e atrapalharia a recuperação de Temer. Há pouco mais de um mês, ele já fora operado por obstrução urológica. Entre uma cirurgia e outra, ele foi submetido a um cateterismo, para a colocação de três stents. Ele tinha mais de 90% de obstrução em três artérias coronárias. — Foi um caso de ponderação médica. Ele poderia até viajar. Mas é mais coerente (permanecer no Brasil) — afirmou o cardiologista Roberto Kalil, que não descartou uma extensão do período de uso da sonda. Por conta da saúde, Temer teve de cancelar agendas oficiais dos últimos dois dias. A posse do deputado Carlos Marun (PMDB-MS) na Secretaria de Governo, prevista para ontem, foi cancelada, e a previsão é que ocorra hoje, a depender do horário em que o presidente receba alta do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
Ontem, Temer permaneceu a maior parte do dia ao telefone com aliados, segundo fontes com acesso ao quarto onde ele está internado. O presidente passou a manhã na companhia de uma de suas filhas, a advogada Luciana Temer, que participou da gestão de Fernando Haddad (PT) na prefeitura de São Paulo. Profissionais do Sírio-Libanês contaram que pouco mais de 30 minutos depois da cirurgia, que foi realizada com aplicação de anestesia geral, na tarde da última quarta-feira, o presidente já estava conversando com as pessoas que o acompanhavam. Auxiliares da Presidência da República tinham expectativa de que ele recebesse alta ainda ontem. No entanto, os médicos decidiram mantê-lo até hoje no hospital para verificar a hipótese de sangramento decorrente da intervenção. O estado de saúde do presidente é considerado muito bom. Se não houver alteração no quadro, a expectativa é que receba alta no fim da manhã de hoje. Ontem, no fim da manhã, Temer recebeu a visita do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. De acordo com o dirigente, o presidente estava com “cara ótima” e “muito tranquilo” depois da cirurgia. — Ele falou que está se sentindo muito bem, que a saúde está boa. Sai amanhã (hoje) do hospital e vai direto para Brasília — afirmou Skaf.