Cresce déficit na balança comercial de diesel e gasolina

André Ramalho

07/07/2017

 

 

O déficit da balança comercial do diesel e da gasolina, os dois combustíveis mais consumidos no país tem se intensificado em 2017 devido ao aumento das importações. Relatório divulgado pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) mostra ainda que o saldo foi negativo para todos os derivados no primeiro trimestre.

De acordo com a ANP, o saldo mais deficitário, no primeiro trimestre, foi o do diesel (-2,63 bilhões de litros), seguido da gasolina (-1,411 bilhão de litros). No mesmo período do ano passado, o saldo negativo foi de 1,44 bilhão de litros para o diesel e de 568 milhões de litros para a gasolina.

Os números divulgados pela agência mostram também o saldo deficitário da balança comercial de gás liquefeito do petróleo (-906 milhões de litros), etanol (-501 milhões de litros) e querosene de aviação (-212 milhões de litros) no primeiro trimestre. Outro destaque negativo foi o saldo comercial da nafta petroquímica (déficit de 3,395 bilhões de litros).

Houve também um crescimento expressivo das importações de combustíveis no início do ano, com destaque para o aumento de 403% das compras de etanol estrangeiro, que totalizaram 721 milhões de litros. O órgão regulador destacou que o Brasil se tornou importador líquido de álcool após anos como exportador líquido devido à redução da oferta interna e à vantagem dos preços internacionais.

Já as importações de gasolina, que totalizaram 1,553 bilhão de litros, cresceram 164%, enquanto as compras de diesel no mercado internacional subiram 86% (somando 2,83 bilhões de litros). Segundo a ANP, o aumento é resultado da paridade de preços internacionais de derivados e reposicionamento estratégico da Petrobras. As importações de querosene de aviação (-29,7%) e GLP (-3,9%), por sua vez, recuaram.

Os dados revelam, ainda, que o crescimento das importações de combustíveis, no país, tem sido sustentado por empresas privadas. A participação da Petrobras no total de gasolina, por exemplo, caiu de 59,7% para 31% entre o primeiro trimestre de 2016 e igual período deste ano. Já em relação ao diesel, a fatia da estatal recuou de 16,4% para 2,7%.

A exceção é o mercado de nafta, onde a participação da Petrobras subiu de 53,7% para 64,7%. No caso do GLP, a estatal também aumentou sua parcela, de 99% para 99,9%.

 

 

Valor econômico, v. 17, n. 4292, 07/07/2017. Brasil, p. A2.