Para Tasso, Temer está 'chegando à ingovernabilidade'

Vandson Lima

07/07/2017

 

 

Presidente interino do PSDB, o senador Tasso Jereissati (CE) já vê no horizonte próximo a possibilidade de o governo de Michel Temer acabar. E afirma que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é alguém com condições de dar "um nível mínimo de estabilidade do país" para fazer a travessia até as eleições de 2018.

Em conversa com jornalistas em seu gabinete, ontem à tarde, Tasso apontou que o momento que decidirá o destino do presidente tem data marcada: será segunda-feira, quando o deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ), deverá entregar à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara seu parecer sobre a denúncia contra o Temer, encaminhada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Para Tasso, se o correligionário de Temer votar pela admissibilidade da denúncia, será muito difícil Temer permanecer na cadeira. "Se o relator, que é do PMDB, partido do presidente, der um voto para afastar o Temer, cai uma pilastra. Aí não tem jeito. Quer coisa mais significativa que isto?"

Outro fato que pode desmoronar o governo de vez, diz Tasso, é uma delação do ex-deputado Eduardo Cunha. "Se o Eduardo Cunha delatar, aí já não tem nem o que discutir mais". Mesmo que isso não ocorra, para o tucano a governabilidade da gestão já está muito comprometida. Ele compara com o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, afastada do cargo em um processo de impeachment no ano passado. "Entre as razões que levaram Dilma a cair, a principal foi a falta de governabilidade. Agora está acontecendo a mesma coisa. Eu não tenho condições de dizer se Temer é culpado ou não. Mas tenho capacidade dizer que estamos chegando na ingovernabilidade".

Diante do que vê como um iminente fim do governo, Tasso relata que conversas estão ocorrendo entre os partidos. E que enxerga em Rodrigo Maia condições de ser o nome que promova um grande acordo.

"Tem que haver agora qualquer tipo de acordo que dê ao país estabilidade mínima até as eleições. Isso não é difícil. Se vier a afastar o Temer, Maia é presidente por seis meses. Aí ele tem condições de fazer, até pelo cargo que exerce como presidente da Câmara, de juntar os partidos ao redor de um nível mínimo de estabilidade do país".

A manutenção da atual equipe econômica, diz Tasso, é ponto fundamental para dar sustentação ao novo governo. "O que você precisa dar ao próximo governo: a equipe econômica tem que ficar. E o governo tem de ser o mais próximo possível do intocável em termos de postura ética", pontua.

Questionado se a volta do senador Aécio Neves (MG) ao cenário pode mudar esses planos, dado que ele era um dos principais fiadores da aliança com o governo, Tasso diz que está cada vez mais clara a disposição do PSDB, seja quem for seu presidente, seguir rumo diverso de Temer. "Ninguém faz pressão contra os fatos. E os fatos estão aí".

Ainda não está definido se Aécio retornará ao comando partidário ou permanecerá afastado.

 

 

Valor econômico, v. 17, n. 4292, 07/07/2017. Política, p. A6.