O Estado de São Paulo, n. 45201, 20/07/2017. Política, p. A5.

 

Janot provoca Raquel sobre apoio à Lava Jato

Juliana Ravelli

20/07/2017

 

 

Em Washington, procurador-geral rebate pergunta de sucessora sobre corte na operação

 

 

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse ontem em Washington que não haverá redução nos recursos da Operação Lava Jato em 2018. “O orçamento está garantidíssimo. É prioridade na minha gestão. Se vai ser na dela (Raquel Dodge, procuradorageral nomeada), eu não sei.”

Raquel enviou a Janot uma lista com 40 perguntas na semana passada sobre a proposta orçamentária para o próximo ano, que seguirá para votação no Conselho Superior do Ministério Público Federal na terça-feira. Um dos questionamentos é sobre a liberação de R$ 522 mil de um total de R$ 1,6 milhão solicitado pela força-tarefa em Curitiba. Procurada, Raquel não quis comentar.

“Eu era conselheiro como ela (Raquel) é,e o conselheiro tem acesso à proposta orçamentária porque tem de votar. Na terça-feira ela estará lá na sessão do conselho votando. Ela vai poder dizer ‘voto ou não voto, concordo ou não concordo’ e dar as razões dela”, afirmou Janot.

Segundo ele, a verba da Lava Jato não foi reduzida. “Isso é uma proposta do orçamento que vai ser aprovado pelo conselho ou não. O que eu posso dizer é que o que foi destinado para a Lava Jato em 2018 é mais do que 2017”, disse Janot. O procurador-geral disse que R$ 1,6 milhão era uma “expectativa em cima de um índice inflacionário”. Anteontem, em nota, a PGR negou cortes. Raquel assume o órgão no dia 18 de setembro.

 

Grampo em Nova York. Janot negou que autoridades brasileiras e americanas teriam planejado uma ação controlada para flagrar o presidente Michel Temer durante encontro, em maio, com o empresário Joesley Batista em Nova York. Segundo o jornal Valor Econômico, a ação não ocorreu porque Temer não confirmou a ida aos Estados Unidos. “Desconheço isso. Não é do meu conhecimento. Não confirmo”, disse.

O procurador-geral participou ontem de painel promovido pelo Atlantic Council – A Luta Contra a Corrupção em Meio à Turbulência Política. Segundo Janot, o Brasil vive hoje três crises: ética, política e econômica, mas que nenhuma delas foi causada pela Lava Jato. Ele afirmou que a ideia de que a atuação do Sistema Judiciário está criminalizando a política no Brasil é uma “inverdade”.

 

Janot. ‘Se vai ser (prioridade na gestão) dela, não sei’