O globo, n.30809 , 13/12/2017. PAÍS, p. 5

Paes: ‘Vou superar este obstáculo’

 

 

Ex-prefeito vai recorrer da decisão do TRE que o deixou inelegível por 8 anos

 

Mesmo inelegível por oito anos, em decorrência de condenação pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ), da qual ainda cabe recurso, o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (PMDB) mantém o desejo de disputar a eleição para governador no ano que vem. Em rápida entrevista pelo telefone, de Bogotá, ele disse ontem ter convicção de que vai superar esse obstáculo e negou que o plano estratégico elaborado em sua gestão tivesse objetivo eleitoral.

Paes e seu candidato à sucessão, deputado Pedro Paulo (PMDB-RJ), foram condenados anteontem por abuso de poder político-econômico. A ação foi movida pela coligação do então candidato Marcelo Freixo (PSOL) à Prefeitura do Rio. Ele acusou a gestão Paes de usar a prefeitura para contratar, por R$ 7 milhões, uma empresa para elaborar a proposta de plano de governo de Pedro Paulo.

De acordo com o relator do processo no TRE-RJ, desembargador Antônio Aurélio Abi-Ramia Duarte, houve desvio de finalidade na contratação, pela prefeitura, da consultoria que produziu o “Plano Estratégico Visão Rio 500”. O trabalho foi aproveitado por Pedro Paulo na campanha.

Na entrevista, Paes não quis comentar a prisão da cúpula de seu partido no Rio. Confira abaixo os principais trechos:

CONDENAÇÃO PELO TRE

“Não houve um devido esclarecimento, no processo, de que esse programa de planos estratégicos não foi feito só uma vez, e muito menos com objetivos eleitorais. No primeiro ano de governo fizemos o primeiro plano estratégico. No final do meu (primeiro) mandato, em 2012, preparamos outro plano estratégico para o quadriênio seguinte. E, em 2015, dentro da programação dos 450 anos do Rio, nós anunciamos que faríamos um plano estratégico olhando os próximos 50 anos do Rio, obviamente com metas e objetivos específicos para o quadriênio seguinte. Esses três planos foram coordenados pelo então secretário Pedro Paulo. Nunca houve nenhum objetivo eleitoral nisso.”

DERROTA JUDICIAL

“O fato de eu estar vivendo fora (nos EUA) este ano dificulta um pouco acompanhar esses processos. E nós tínhamos uma decisão favorável de primeira instância, além de duas manifestações favoráveis do Ministério Públicos Eleitoral.”

USO ELEITORAL

“Era um plano público, e eu gostaria que todos os candidatos o tivessem utilizado. Um plano como esse não é de governo, é de Estado.”

ELEIÇÕES 2018

“Tem uma decisão judicial que cabe recurso ainda. Eu tenho muita vontade de ser governador do Rio, acredito muito na minha capacidade de fazer o Rio avançar. Mas aprendi há muito tempo que uma candidatura majoritária não é algo que você constrói sozinho, depende de alianças e conversas. Uma candidatura majoritária não é uma vontade individual. E tem agora um obstáculo judicial, que tenho convicção de que vai ser superado com os devidos esclarecimentos.”

SAÍDA DO PMDB

“Tenho um honroso convite do PDT e de outros partidos, mas não há decisão tomada. Este ano não tratei de política nem de campanha eleitoral, me dediquei aos dois trabalhos que tenho (consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento e de uma empresa chinesa de carros elétricos). Minha volta definitiva para o Rio está marcada para janeiro, aí vou conversar.”

Desgaste

"Você tem desafios em qualquer processo eleitoral. Todos nós carregamos aquilo que fazemos nas nossas vidas ou aquilo que nos acusam"